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Doleiros são denunciados por esquema que teria movimentado quase 90 milhões de dólares

Segundo o MPF-ES, que fez a denúncia, movimentação financeira foi feita por meio da celebração de 1.168 operações de câmbio ilegais e consecutivas remessas de divisas

Doleiros são denunciados por esquema que teria movimentado quase 90 milhões de dólares Doleiros são denunciados por esquema que teria movimentado quase 90 milhões de dólares Doleiros são denunciados por esquema que teria movimentado quase 90 milhões de dólares Doleiros são denunciados por esquema que teria movimentado quase 90 milhões de dólares
Foto: Divulgação

Quatro pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF-ES), por envolvimento em um suposto esquema que teria criado uma casa de câmbio clandestina e possibilitado o envio de US$ 89.686.959,00 para contas no exterior. A movimentação do dinheiro, segundo o MPF, teria sido feita por meio da celebração de 1.168 operações de câmbio ilegais e consecutivas remessas de divisas. Considerando a cotação atual do dólar, de em média R$ 5,40, o montante evadido ultrapassaria a cifra de R$ 484 milhões.

De acordo com a denúncia do MPF, os doleiros Márcio Luiz Martinelli Vaz e Moisés Celeste Rizzi, na condição de proprietários e administradores, transformaram a empresa Viver Logística Internacional Eirelli em casa clandestina de câmbio (qualificável como instituição financeira) dedicada à transferência ilícita de divisas, com uso fraudulento do sistema bancário. Segundo a denúncia, eles operaram entre novembro de 2014 e julho de 2015.

Ainda de acordo com o MPF, o esquema contou também com a participação de Sebastião dos Santos Filho, corretor de câmbio da empresa Previbank, e de Messias da Silva Martins, sócio e diretor da Previbank. Juntos aos proprietários da Viver Logística, eles teriam enviado valores principalmente para China e Hong Kong, sem o uso de declarações de importação ou inserindo falsos dados de Declarações de Importação e seus respectivos conhecimentos de transporte (bill of ladings) e faturas.

Fraude

De acordo com a denúncia, a fraude consistiu na utilização de 1.168 operações de câmbio, sendo 1.160 de importação e oito remessas financeiras ao exterior, todas fraudulentas. Segundo o MPF, as razões para as celebrações dos contratos de câmbio, declaradas pela Viver Logística e aceitas sem qualquer contestação pela Previbank, eram falsas. 

Ainda de acordo com o órgão, as operações cambiais foram realizadas em desacordo com a legislação cambial e só foram possíveis pela atuação (ou falta dela quando obrigados) dos corretores de câmbio da Previbank.

Crimes

Márcio Luiz Martinelli Vaz e Moisés Celeste Rizzi foram denunciados pelo MPF pelos crimes previstos nos artigos 16 e 22 da Lei nº 7.492/86 (falsa operação de instituição financeira e evasão de divisas) e pelo artigo 288 do Código Penal (associação criminosa), no âmbito do processo 5017497-78.2020.4.02.5001.

Já Sebastião dos Santos Filho foi denunciado pelos crimes de evasão de divisas e associação criminosa. No caso de Messias da Silva Martins, além de evasão de divisas e associação criminosa, ele também foi denunciado por gestão fraudulenta de instituição financeira (artigo 4, da Lei nº 7.492/86).

As investigações contaram com a participação das instituições conveniadas do Fórum de Combate à Corrupção (Focco/ES), dentre elas informações importantes, autorizadas judicialmente, trazidas pela Receita Federal do Brasil.

A reportagem tentou, mas não conseguiu entrar em contato com a defesa dos denunciados. Também foi feito contato, por e-mail, com as empresas citadas, mas até o momento não houve retorno.