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Empresas de ônibus apertam cerco contra vendedores ambulantes nos coletivos

Proibição já é antiga, mas cartilhas e cursos aos motoristas estão enfatizando a recomendação de impedir a entrada de ambulantes nos coletivos

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Foto: Reprodução/YouTube

As empresas de ônibus que operam o Sistema Transcol, serviço de transporte coletivo da Grande Vitória, têm apertado o cerco contra vendedores ambulantes que atuam nos coletivos da região. A investida estaria ocorrendo após a realização de estudos sobre a arrecadação e a evasão de receita no funcionamento do serviço.

Uma cartilha distribuída recentemente aos motoristas e cobradores em reunião de orientação apresenta como norma a proibição de realizar vendas no interior dos veículos.

A proibição já é antiga, mas as empresas vêm enfatizando junto aos motoristas e cobradores a não deixá-los entrar nos ônibus, principalmente para os que costumam entrar pelas portas de desembarque.

Os ambulantes já estão sentindo a mudança de postura e se opõem à decisão. “Querem nos juntar aos maus exemplos dos puladores de roleta, sendo que nós não pertencemos a esse grupo. Nós somos trabalhadores honestos que dependemos desse dinheiro”, relata Wenerk Rennan da Silva, de 29 anos, que vende as conhecidas “balas-bombom” pelos coletivos da Grande Vitória.

Necessidade

Rennan mora com a esposa e a filha de 9 anos, em Balneário Carapebus, na Serra. Ele vende produtos nos coletivos há 18 anos, e conta que começou a atuar como ambulante vendendo balas no antigo terminal Dom Bosco. O tio do rapaz era trocador de ônibus, mas por conta de uma hérnia de disco acabou ficando ‘encostado’ e sem receber salário ou auxílio. A situação motivou ele a começar a trabalhar para ajudar.

“A população capixaba é bem solidária com esse tipo de trabalho. A gente nunca atrapalhou, pelo contrário. Nós ajudamos bastante. Os passageiros que estão com ‘aquela fome’, não deu tempo nem de entrar (…) e a gente já está lá, oferecendo o produto”, diz o vendedor.

O rapaz conta que tem sido barrado nos coletivos, mas a maioria dos motoristas não se sentem confortáveis em tomar a atitude. “A ordem é que as empresas cobrem dos motoristas e trocadores, mas a maioria é nosso amigo, não querem fazer isso”, conta Rennan.

Prejuízo

De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus), um levantamento identificou que o pulo de roleta, as fraudes às gratuidades, o embarque irregular pela porta do meio e as “caronas” representam um prejuízo de cerca de R$ 960 mil por mês às empresas concessionadas, sendo R$ 375 mil decorrente do pulo de roleta.

Por conta disso, o sindicato patronal tem reforçado com os funcionários a necessidade de evitar a entrada de pessoas sem que a passagem seja paga. Um “treinamento e reciclagem” dos operadores do Transcol, elaborado pela GVBus, vem sendo aplicado nas últimas semanas. A próxima etapa, de acordo com o sindicato, será o lançamento de uma campanha publicitária, prevista para o primeiro semestre do ano.

“Durante as reuniões, são abordados temas como profissionalismo, o bom atendimento e tratamento com os clientes, os impactos da evasão de receita do transporte coletivo para toda a sociedade e sobre as formas de combater essas práticas. Momento de relembrar a eles as instruções que receberam ao assinar o contrato de trabalho”, destaca a nota enviada à reportagem.

Setop

Procurada, a Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (SETOP), responsável pela Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb), reforçou a proibição da atuação de vendedores dentro de veículos e nos terminais rodoviários. 

“A Ceturb GV esclarece que de acordo com o regulamento de transportes (decreto 2751-N, de Janeiro de 1989) a atividade de ambulantes dentro de ônibus e nos Terminais de Transcol não é permitida. A empresa também orienta os operadores a não deixar embarcar sem o pagamento da passagem”, diz em nota.