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Estado de SP vai usar app para controlar falta de alunos na rede pública

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O governo de São Paulo lança nesta quinta-feira, 16, um aplicativo para controlar as faltas dos alunos nas escolas estaduais e tentar evitar a evasão. A chamada será feita no celular do professor ou no computador e as ausências poderão ser acompanhadas pelo diretor. Mais de 400 mil alunos faltam diariamente na rede estadual, 15% do total. “O aluno não evade de uma hora pra outra, ele falta uma vez, depois duas, depois mais um dia, e não aparece mais”, disse ao Estadão o secretário da Educação, Renato Feder.

O aplicativo Aluno Presente faz parte de um pacote chamado Sala do Futuro que será anunciado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e terá outras medidas ao longo do ano, todas ligadas à tecnologia. Inclui ainda uma reformulação da prova bimestral realizada pelas escolas, cujo resultado estará disponível também digitalmente no dia seguinte para que o professor “saiba o que o aluno não aprendeu”, segundo Feder. A Prova Paulista, que antes era chamada de avaliação de aprendizagem e processo, será feita para crianças a partir do 5º ano, no fim do mês.

O professor poderá ver um painel em que a turma dele é comparada com outras com relação à aprendizagem. As que estiverem abaixo da média, segundo o secretário, não serão ranqueadas. As matérias cujo desempenho não for suficiente vão estar acompanhadas de um link para o professor clicar e ter acesso a slides feitos pela secretaria para serem usados em aula.

SARESP

Feder quer também mudar o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) para que ele seja aplicado a todas as séries da rede estadual. Além disso, o Estado estuda a ideia de transformar a prova em um vestibular seriado para as Universidades de São Paulo (USP), Estadual Paulista (Unesp) e Estadual de Campinas (Unicamp). Assim, essas instituições reservariam uma parte das vagas para serem disputadas apenas pelos alunos das escolas estaduais, que fariam provas no 1º, no 2º e no 3º ano do ensino médio. Além das habituais questões de Português e Matemática, o exame teria também Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Redação.

O tema ainda está em discussão nas universidades e a reportagem apurou que há também a possibilidade de cada universidade realizar a sua prova separadamente para os alunos da rede pública. Atualmente só 10% dos alunos do terceiro ano do ensino médio estadual participam dos vestibulares das três instituições.

DIGITAL

Tanto a Prova Paulista quanto o Saresp este ano serão feitos digitalmente, segundo o secretário. Na semana passada, o Estadão mostrou que o Ministério da Educação (MEC) não mais vai aplicar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital por causa do alto custo e pela falta de interesse dos jovens. Em São Paulo, segundo Feder, como as escolas já têm computadores nas escolas, o exame ficaria mais barato.

Para a superintendente do Cenpec, a pedagoga Anna Helena Altenfelder, novas ferramentas digitais mais eficientes são bem-vindas, mas não resolvem tudo. No caso do app que monitora a frequência, ela diz que é importante ter uma análise qualitativa dos dados. “Saber se o aluno está faltando porque tem de trabalhar, se está com problemas de transporte, se as faltas estão em alguma disciplina específica”, diz. “O risco é achar que um aplicativo vai resolver tudo sozinho; as intervenções têm de ser feitas pelo gestor, desde a busca ativa desse aluno até as condições de melhoria da escola ou políticas intersetoriais.”

Segundo dados da Secretaria da Educação, as diretorias de ensino de Caraguatatuba e de São Vicente, no litoral, são as que têm a menor presença de alunos, com 75% em média. Já o período noturno chega a ter faltas de mais da metade dos estudantes no ensino médio.

OUTROS ESTADOS

O monitoramento rigoroso de presença já é feito em alguns Estados, como o Ceará, e é comum fora do Brasil. Até agora, em São Paulo, o diretor podia acompanhar as faltas, mas os dados demoravam a ser ofertados. Em alguns países, como nos EUA, pais são avisados imediatamente, com mensagens automáticas, sobre a falta do filho na escola. “É um instrumento importante para acompanhar melhor a trajetória do aluno, é preciso ir atrás da família e do estudante”, diz a ex-secretária de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro.

SLIDES E ESCUTA

Anna Helena afirma que as intervenções feitas com base no diagnóstico da Prova Paulista nas escolas também precisam considerar a autonomia do professor, que sabe mais sobre a condição de cada aluno. A Secretaria da Educação está criando aulas padronizadas e numeradas, com slides, de diferentes matérias, para serem usadas pelos docentes, a exemplo do que já acontece em alguns Estados. Segundo Feder, os professores não são obrigados a usar esse material. “Slides não são mágicos, muitas vezes o aluno precisa aprender conceitos estruturantes básicos. Por exemplo, para um estudante do 6º ano, que não está alfabetizado, não adianta dar a melhor aula de interpretação de texto,” explica.

Ela ainda diz que o aplicativo e a nova Prova Paulista precisam ser implementados com um movimento de escuta dos professores. “Se eles entenderem como mais uma burocracia a qual estão sendo submetidos, não vai adiantar nada”, afirma. “Eles precisam participar das discussões para criarem um sentido de que as ferramentas podem apoiar o trabalho deles.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.