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Estudo aponta baixa eficácia das formações continuadas

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São Paulo – A maioria das atividades de formação continuada com professores no Brasil (70%) tem baixa eficácia, segundo estudo do Instituto Ayrton Senna (IAS) com The Boston Consulting Group (BCG). Cursos de aperfeiçoamento, revela a pesquisa, são uma das principais alavancas para melhorar o desempenho de docentes e alunos.

A divulgação do levantamento, realizado com cerca de 3 mil professores, gestores e especialistas brasileiros, será feita nesta segunda-feira, 7, em São Paulo e deve ter a presença do ministro da Educação, Henrique Paim. Os dados foram obtidos com exclusividade pelo Estado. Esse tipo de formação, voltada a professores que já começaram a lecionar, enfrenta dificuldades para deslocar o foco da teoria para questões reais da sala de aula. Além do déficit de docentes no País, a maioria das redes não tem programas estruturados de formação continuada.

Tutoria com professores mais experientes, formação de ingressantes na carreira e observação crítica da sala de aula estão entre as atividades com melhores resultados, na opinião de especialistas e dos próprios docentes. O estudo revelou, entretanto, que elas são as que menos aparecem no País.

Segundo a analista de projetos da área de Educação e Desenvolvimento do IAS, Daniela Arai, o Brasil é um dos países que menos incentivam professores a fazer formação continuada. Ela explica que ações governamentais de curto prazo e alta visibilidade são as mais frequentes, comprometendo um planejamento adequado dos programas. “Formação de professores é investimento de longo prazo. Acaba não sendo a principal preocupação dos governantes”, avalia.

Além da preferência por ações de curto prazo e visibilidade, o estudo menciona cinco principais obstáculos para o êxito da formação continuada. Também pesam a carência de incentivos formais, a escassez de tempo, lacunas e baixa aplicabilidade do conteúdo das ações oferecidas, falta de alinhamento das ações com o plano de carreira do magistério e alta rotatividade do corpo docente.

Com a função de “tapar buracos” da formação original, é para os recém-chegados à sala de aula que as ações podem ser mais efetivas e não só para ensinar melhores práticas, como manter o interesse no ensino. Segundo Daniela, as redes que trabalharam com ingressantes em residências e tutorias tiveram impactos significativos.

Experiências.

Um dos bons exemplos citados no estudo foi o da rede estadual de Goiás, que em 2011 implementou um programa de tutoria de coordenadores pedagógicos. Com o sucesso da ação, estenderam a proposta para professores de Matemática e Língua Portuguesa do ensino fundamental 2 (6.º ao 9.º ano) e médio, com apoio diário de professores mais experientes. A atividade melhorou os índices de aprendizagem dos alunos entre 2011 e 2013.

“Vale a pena tirar da sala de aula esse ótimo professor. Ele vai acompanhar dez, 15 professores e influenciar mais alunos. Ele é a referência e tem legitimidade para influenciar os pares”, explica Ralph Gomes Alves, da Superintendência de Inteligência Pedagógica e Formação da rede goiana.