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Exame do tacógrafo do ônibus pode ser insuficiente, diz especialista

Exame do tacógrafo do ônibus pode ser insuficiente, diz especialista Exame do tacógrafo do ônibus pode ser insuficiente, diz especialista Exame do tacógrafo do ônibus pode ser insuficiente, diz especialista Exame do tacógrafo do ônibus pode ser insuficiente, diz especialista

Sorocaba – Para o coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, especialista em acidentes nas rodovias, o exame do disco diagrama do tacógrafo do ônibus que se acidentou na rodovia Mogi-Bertioga, causando 18 mortes, pode não ser suficiente para apurar se o veículo estava em excesso de velocidade.

Segundo ele, é preciso analisar os discos de outras viagens feitas pelo motorista, que morreu no acidente, e também de outros motoristas da empresa. “É importante estabelecer um histórico das viagens, se regularmente o limite de velocidade era respeitado ou excedido.”

Ele disse achar ser imprescindível para a apuração das causas do acidente verificar também a jornada de trabalho do motorista. “Em muitos casos, o motorista de ônibus chega à noite e, na manhã seguinte, pega outra viagem sem ter descansado direito. Às vezes, ele dorme no próprio veículo.”

Para Rizzotto, que em 2004 lançou o estudo “Morte no trânsito – Uma tragédia rodoviária”, o fato da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ter pedido exame toxicológico de amostras do motorista revela uma incoerência. “A legislação que exige o exame toxicológico para motoristas profissionais está em vigor, mas o governo de São Paulo entrou com ação contra a lei e obteve liminar. No Estado, que tem 800 pontos de coleta para o exame, a lei não está sendo aplicada”, disse.

Outro problema, segundo Rizzotto, é a falta de fiscalização do uso do cinto de segurança. Uma lei de 1999 passou a obrigar o uso nos ônibus, mas uma portaria da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) atribuiu aos motoristas a obrigação de informar os passageiros sobre a obrigatoriedade. “O problema é que, se o passageiro não usar ou tirar o cinto durante a viagem, o que o motorista pode fazer? Nos casos de fretamento, é ainda mais difícil a lei ser cumprida, e não há fiscalização.”

A Artesp informou que a fiscalização quanto ao uso do cinto cabe à Polícia Militar Rodoviária. Nas vistorias anuais da frota, engenheiros credenciados pela agência verificam diversos itens de segurança dos veículos, incluindo os cintos e freios. O ônibus acidentado estava com a vistoria em dia, que venceria em 26 de agosto.

A Polícia Militar Rodoviária informou que os ônibus são fiscalizados da mesma forma que outros veículos quanto ao uso do cinto de segurança pelos motoristas e passageiros, já que essa é uma exigência do Código Brasileiro de Trânsito.