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Farc assumem autoria do assassinato de Álvaro Gómez Hurtado, morto em 1995

Farc assumem autoria do assassinato de Álvaro Gómez Hurtado, morto em 1995 Farc assumem autoria do assassinato de Álvaro Gómez Hurtado, morto em 1995 Farc assumem autoria do assassinato de Álvaro Gómez Hurtado, morto em 1995 Farc assumem autoria do assassinato de Álvaro Gómez Hurtado, morto em 1995

A ex-guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) assumiu no sábado, 3, a autoria do assassinato do ex-candidato presidencial colombiano Álvaro Gómez Hurtado. Ele foi baleado em Bogotá no dia 2 de novembro de 1995, ao sair da Universidade Sergio Arboleda, onde era professor.

Gómez Hurtado, filho do ex-presidente Laureano Gómez (1950-1951) e três vezes candidato à presidência da Colômbia, foi ainda embaixador nos Estados Unidos e por vários mandatos membro do parlamento colombiano. Seu assassinato gerou inúmeras hipóteses ao logo das décadas, mas membros das Farc nunca foram ligados nas investigações, conforme asseguraram vários ex-promotores-gerais. Em 2017, o caso foi declarado um crime contra a humanidade, o que impede que a investigação venha a prescrever. Agora, deve ser analisado pela Jurisdição Especial pelo Paz (JEP) e a Procuradoria-Geral da República.

Segundo comunicado emitido pela ex-guerrilha, o político era considerado um “alvo militar” e um “inimigo de classe”. “Após muitas horas de reflexões individuais e coletivas, honrando nosso compromisso de construir uma sociedade mais justa, fundamentada sobre os alicerces da verdade mais ampla e completa possível, decidimos esclarecer os fatos e motivos do assassinato de Álvaro Gómez Hurtado”, informaram as Farc em nota.

No documento, assinado por figuras importantes da antiga guerrilha – incluindo o chefe das Farc, Rodrigo Londoño -, os dirigentes admitem que a morte de Gómez Hurtado foi “um erro”. “Lemos suas biografias e hoje sabemos que sua contribuição para a paz [da Colômbia] teria sido fundamental. Mas a guerra turva a visão do futuro e só nos permite ver a realidade em preto e branco para dividi-la em amigos e inimigos”, afirmam. Acrescentam ainda que não pretendem abafar sua “responsabilidade no longo confronto armado”, mas que desejam “que a família de Gómez Hurtado e o país conheçam toda a verdade”.

Controvérsia

O reconhecimento público do crime pelas Farc não convence os familiares de Gómez Hurtado – especialmente seu filho Mauricio Gómez -, que veem o anúncio como uma forma de desviar e exonerar as responsabilidades dos envolvidos no que para eles é um crime de Estado.

O presidente da Colômbia, Iván Duque, que foi aluno de Gómez Hurtado na Universidade Sergio Arboleda, também se pronunciou. “Há 25 anos estive na universidade e tive que ouvir os estilhaços assassinos que destruíram a humanidade de um dos maiores colombianos”, disse em nota.

Duque questionou os motivos para a atribuição do crime 25 anos depois, quando, segundo ele, “já há garantias de que ninguém será preso”. Para o presidente, o reconhecimento “não deixa de gerar dúvidas, suspeitas, inquietações”, e as informações das Farc devem ser comparadas com as versões da família Gómez para que “este horrendo crime seja esclarecido sem sombra de dúvida”.

Outros crimes

A Jurisdição Especial de Paz (JEP) anunciou ainda no sábado que as Farc também prometeram a verdade sobre os assassinatos dos ex-guerrilheiros Hernando Pizarro León-Gómez, morto em 1995; e José Fedor Rey, conhecido como “Javier Delgado”, morto em 2002. Além destas, devem ser também esclarecidas as mortes do ex-Ministro da Paz Jesús Antonio Bejarano (1999), o ex-Ministro da Defesa Fernando Landazábal Reyes (1998) e o ex-representante na Câmara Pablo Emilio Guarín (1987). (Com agências internacionais)