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‘Filme não vai glamourizar ninguém’, diz produtor

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São Paulo – O filme sobre a vida do “maior ladrão de livros do Brasil” está sendo editado em uma casa na Vila Madalena, zona oeste da capital, onde fica a produtora Boutique Filmes – que tem entre os trabalhos documentários, programas infantis e séries de televisão. O produtor e um dos diretores da obra, na verdade um documentário sobre Laéssio Rodrigues de Oliveira, garantem que o que sairá dali é um material jornalístico que, além de contar a história do criminoso, mostrará o mercado negro de obras raras do Brasil e a falta de estrutura para preservação do patrimônio cultural do País. Assim, para eles, o interesse público por esses temas justificaria investimentos via instrumentos de captação dos recursos públicos.

A ideia da produção partiu do jornalista Carlos Juliano Barros, que conheceu a história de Laéssio em reportagens. Ao longo de “muito tempo”, conseguiu convencê-lo a gravar entrevistas e ajudar a montar o documentário, que codirige. “Ele tem uma história ímpar”, afirma, ao falar da origem pobre de Laéssio, em São Bernardo do Campo à chegada aos círculos sociais que compram esses itens. “A forma como ele fez, as pessoas com quem se relacionou, a quem vendeu os livros que furtou. O trabalho do filme é investigar e contar a história, trazer à tona fatos nunca trazidos”, defende.

O produtor, Gustavo Mello, afirma que o filme não pretende “nem glamourizar nem vitimizar nem culpar ninguém”, ao falar tanto de Laéssio quanto das instituições que tiveram as obras furtadas – e que estão revoltadas com a produção. “Se a gente alcançar audiência, no fim o que estará em debate é a questão da importância de um livro raro e do seu valor simbólico e econômico. Se chegarmos a esse resultado vai ser incrível, pois será uma grande história contribuindo para uma discussão da sociedade.”

Financiamento. Mello afirma não ver problemas em captar recursos por leis de incentivo. A produtora fechou parceria com a Globo Filmes e com a GloboNews para a produção e prevê a inscrição da obra em festivais, no segundo semestre, e exibição no canal de notícias. “Parece que esse tipo de afirmação (de que a vida de um criminoso que lesava o Estado não deveria virar filme bancado por recursos públicos) é de quem não conhece a seriedade do nosso trabalho nem a relevância de um documentário, de um jornalismo bem feito”, diz Mello. E afirma: “As instituições (que se movimentam contra a obra) vão gostar do filme.”

Por meio de nota, a Globo Filmes afirmou que investe em documentários que “provoquem discussões” ou mesmo sobre “vilões que hoje estão respondendo por seus delitos” e conta com “incentivo da Lei do Audiovisual, Artigo 3 A, como é de praxe do mercado”. A Agência Nacional do Cinema (Ancine) informou que o projeto “se enquadra em todas as normas” e, por isso, foi aprovado.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou que apoiou a produção por meio de programa que estimula “não uma obra específica, mas planos de negócios das empresas” e a Boutique Filmes tem realizado “produções bem-sucedidas de qualidade reconhecida”. Afirmou ainda que valoriza a “reflexão sobre questões importantes” e “não cabe ao banco, em casos como este, rejeitar o projeto por sua temática”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.