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Governo Alckmin infla dado sobre reajuste salarial de professores

Governo Alckmin infla dado sobre reajuste salarial de professores Governo Alckmin infla dado sobre reajuste salarial de professores Governo Alckmin infla dado sobre reajuste salarial de professores Governo Alckmin infla dado sobre reajuste salarial de professores

São Paulo – Enquanto o governo Geraldo Alckmin (PSDB) diz ter aumentado em 45% o salário dos docentes da rede estadual nos últimos quatro anos, a remuneração do professor só teve reajuste de 12,3% no período. Para chegar ao porcentual maior, o governo estadual incluiu as chamadas incorporações por gratificação, parte da remuneração dos docentes que já era recebida e só passou a constar no salário-base, ou seja, sem mudança no bolso da categoria.

Se considerada a inflação dos cinco primeiros meses deste ano, segundo o Índice de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), o ganho dos docentes foi de 5,3%. O dado “inflado” foi revelado nesta segunda-feira, 6, pelo jornal Folha de S.Paulo.

O governador Geraldo Alckmin negou que o dado fosse camuflado. “Quando você incorpora a gratificação o aposentado, professor , diretor, ele que não recebia nada passa a receber. Incorporar a gratificação é também aumento, porque o aposentado passa a ter”. Ele afirmou que o governo “sempre” falou que o aumento de 45% é nominal. “Não tem nada escondido, quero reiterar”.

O argumento de que a categoria obteve reajuste de 45% tem sido o principal motivo do governo estadual para defender sua política de valorização dos docentes e classificar a greve dos professores, que durou 89 dias, como “extemporânea”. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) afirmava durante os protestos que fez no período que o valor “não condiz com a realidade”.

Em março de 2011, o salário-base de um professor de educação básica para uma jornada de 30 horas semanais era de R$ 1.078,75. Mas a remuneração recebida, de fato, era de R$ 1.205,14, já com as gratificações. Em julho de 2014, quando houve o último reajuste, a remuneração desses profissionais passou a ser de R$ 1.565,21.

O aumento de gratificações chega a 11,2%, segundo publicou o jornal. A conta do governo, no entanto, também considera como reajuste a incorporação destas parcelas que, na prática, não mudam o valor pago aos servidores, pois eles já a recebiam. A política de incorporação é positiva para os aposentados, que não recebem gratificação, mas quase não surte nenhum efeito aos professores em atividade. A diferença se dá, por exemplo, no cálculo de quinquênios e outros benefícios.

Durante toda a paralisação, a Apeoesp reivindicou reajuste de 75,33%, sob o argumento de que a categoria deve ser equiparada a outras profissões com ensino superior. Esta meta é prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado em 2014 pela presidente Dilma Rousseff (PT). O governo estadual negou apresentar o índice durante a greve, e diz que o valor será oferecido neste mês, na data-base da categoria. Já o sindicato diz que o período de reajuste é em março.

Gratificações

Até 2011, a categoria recebia dois tipos de gratificação junto ao salário-base: as chamadas Gratificação Geral (GG) e Gratificação por Atividade no Magistério (GAM). A GG era fixada em 6,4% do salário-base e foi instituída por lei complementar em 2001. Sua incorporação ao salário ocorreu em 2011. Já a GAM foi instituída por lei complementar em 2005 e sua incorporação foi aprovada ainda na gestão do ex-governador José Serra (PSDB), e previa o repasse em três parcelas de 5% – em 2010, 2011 e 2012.