Geral

Indícios de mais casos preocupam Paraisópolis

Indícios de mais casos preocupam Paraisópolis Indícios de mais casos preocupam Paraisópolis Indícios de mais casos preocupam Paraisópolis Indícios de mais casos preocupam Paraisópolis

Indícios de um novo aumento de covid-19 já preocupam Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, na zona sul da capital. Moradores relatam guinada no número de atendimentos por síndrome respiratória na última semana e descrevem que o atual cenário começa a lembrar fases mais agudas da pandemia. Já o Hospital Israelita Albert Einstein, referência no tratamento de covid no País, está em “situação de alerta” em relação aos casos.

Para enfrentar o coronavírus, a associação de moradores contratou ambulância particular, recolhendo os pacientes mais graves e levando a unidades de saúde, desde o dia 23 de março. Segundo a equipe de resgate, os chamados atingiram pico em meados de julho, mas a demanda chegou a cair nos meses seguintes, antes de voltar a crescer de forma acelerada.

O líder comunitário Gilson Rodrigues relata que, só na última semana, 89 pessoas foram removidas no bairro por quadros de síndrome respiratória. “O número aumentou bastante nos últimos dias. Antes, a média de atendimentos estava entre dez e 13 casos até o feriado do dia 2.”

A equipe da ambulância é composta por um médico, um enfermeiro, dois socorristas e pela diretora da associação Renata Alves, de 40 anos, que por conhecer os becos e vielas da favela atua como uma espécie de GPS do veículo e faz a comunicação com os pacientes. A associação também distribui cestas básicas e oferece assistência, como orientações para receitas ou atestados médicos, às famílias que precisam ficar isoladas. “Para a gente que está há quase oito meses trabalhando no resgate, é desesperador.”

Renata recebe os chamados por telefone e até por WhatsApp. Imediatamente, ela pergunta endereço, idade e se há alguma comorbidade – a confirmação se é covid ou não, entretanto, só acontece após teste, realizado em equipamentos públicos. “Nos últimos dias, a maioria dos casos era de pessoas que estavam se prevenindo, mas tiveram de sair para trabalhar e pegaram transporte público lotado. Não é de gente frequentando festa”, diz.

Segundo conta, entre as faixas etárias mais atendidas, jovens são minoria – ao contrário da tendência que se percebe em outros locais, onde o grupo é o principal afetado pela nova onda de covid. Na sexta-feira passada, chamou a atenção de Renata o caso de uma idosa de 75 anos, já acamada e fazendo uso de sonda, com quadro de pneumonia. Após o socorro da ambulância, ela foi levada ao Hospital do Campo Limpo. Nesta semana, a família informou que a paciente morreu.

“Em algum momento pareceu que estava tudo brando. É muito frustrante”, diz a diretora da associação. “O cenário de hoje está se igualando muito ao do início da pandemia, com esses feriados frequentes e a liberação para retomar aula, abrir shopping ou ir trabalhar.”

O Estadão procurou líderes comunitários de outras regiões, mas eles relataram não ter percebido mudanças representativas. “Sem grandes variações”, diz Henrique Deloste, da Brasilândia. “Eu acredito que o povo da periferia já estava muito mais exposto desde o começo”, afirma Neuza Meneghello, do Socorro, na zona sul. Anteontem, o governo de São Paulo confirmou um aumento de 18% nas internações nas redes pública e privada.

Einstein

O Hospital Israelita Albert Einstein está em “situação de alerta”, segundo o presidente, Sidney Klajner. Mas ele prefere aguardar os dados das próximas semanas. “Ainda não é possível dizer se há aumento consistente. É preciso ao menos uma semana de análise da média móvel de casos para uma afirmação mais precisa. Mas estamos numa situação de alerta”, diz o médico.

O aumento de casos, no entanto, chega a 80%. Hoje, o Einstein tem 93 leitos confirmados com covid. Entre o final de setembro e o dia 12 de novembro, a média de internações era de 55. “Ao longo do tempo, vamos ter a noção se isso é uma oscilação”, disse ele. O hospital destaca, porém, a necessidade de manutenção das medidas de proteção. “Os novos números alertam para a necessidade da manutenção das medidas: usar máscaras em qualquer ambiente, fechado ou ao ar livre, respeitar o distanciamento.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.