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Estudante acusado de racismo consegue liminar para não ser expulso de universidade

O estudante de direito Pedro Baleotti, desligado da Universidade Presbiteriana Mackenzie por gravar e divulgar vídeos de teor racista durante as eleições, em outubro do ano passado

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Foto: Reprodução

A juíza federal Sílvia Figueiredo Marques, da 26ª Vara Cível, concedeu liminar ao estudante de direito Pedro Baleotti, desligado da Universidade Presbiteriana Mackenzie por gravar e divulgar vídeos de teor racista durante as eleições, em outubro do ano passado. A decisão obriga o “imediato restabelecimento do vínculo” com a instituição, mas mantém a suspensão do aluno.

A magistrada diz ter encontrado “irregularidades” no processo conduzido pela Comissão de Processamento Disciplinar, responsável pela apuração do caso. A primeira é a sua composição: foram três professores ao invés de cinco membros da instituição, o que incluiria técnicos. A segunda é a falta de competência da comissão, instaurada em caráter de sindicância, para “apresentar um relatório circunstanciado” para aplicação de sanção disciplinar.

“Somente com a instauração de um processo administrativo disciplinar é que isso seria possível”, afirma. “Assim, não tendo sido instaurado tal processo administrativo disciplinar, com a designação de uma comissão de cinco membros, o desligado do impetrante deve ter seus efeitos suspensos.”

Em caráter liminar, a juíza Sílvia Marques ordena o “imediato restabelecimento do vínculo” do aluno até julgamento do mérito do processo, garantindo sua matrícula. Por outro lado, a magistrada manteve a suspensão do aluno diante da “animosidade” instalada no campus frequentado por ele.

Baleotti foi expulso do Mackenzie após a divulgação de vídeos de teor racista nos quais dizia que estava indo votar “armado com faca, pistola” e que a “negraiada ia morrer”. As cenas foram divulgadas em redes sociais em outubro do ano passado, durante as eleições. A confirmação do desligamento foi divulgada pela instituição no dia 10 de janeiro.

Após a divulgação dos vídeos, Baleotti também foi demitido do escritório de advocacia onde trabalhava.

Defesa

Nos autos, a defesa do estudante alega que as gravações foram feitas para um grupo restrito de amigos e que foram divulgadas sem autorização. O advogado de Baleotti diz que, com a expulsão, ele não pôde concluir suas obrigações acadêmicas e colação de grau.

O aluno de direito também pede concessão dos benefícios de Justiça gratuita. A decisão cabe recurso.

A reportagem entrou em contato com a Universidade Plebisteriana Mackenzie e aguarda retorno. Em nota de repúdio publicada no fim de outubro, quando o caso veio à tona, a instituição diz que “tais opiniões e atitudes são veementemente repudiadas”.