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Liberdade vira centro de atrações infantis impulsionado pelos animes

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Reavivada e distribuída para uma nova geração pelas plataformas de streaming e aplicativos, a cultura popular japonesa tem impulsionado uma busca maior de crianças e, consequentemente, dos pais e responsáveis pelo bairro da Liberdade, na região central de São Paulo. Na maior colônia do Japão fora do país asiático, é comum ver os otakus, jovens fantasiados, com capas, bonés e rostos pintados, caminhando com turistas e visitantes do bairro tradicional.

Os otakus são pessoas que apreciam a cultura japonesa, principalmente fãs de animes e mangás. A palavra pode significar, no japonês tradicional, “a tua casa” ou a segunda pessoa do singular (tu). A partir da década de 1980, o termo se transformou em gíria que mantém o mesmo significado até hoje. A princípio, chamar alguém de “otaku” podia ser visto como pejorativo, mas o termo passou a ser acolhido e utilizado entre a própria comunidade de admiradores dos desenhos.

Nas praça central, pelas ruas que cercam a estação do metrô, é possível encontrar produtos da cultura japonesa que atraem os otakus. Dos refrigerantes e salgadinhos que aparecem nos desenhos às revistas (os mangás) e roupas.

Os animes mais populares, como Naruto, Pokémon e a nova febre do Demon Slayer ganham as ruas e têm seus personagens estampados em camisetas, máscaras, capas, chaveiros, miniaturas, lancheiras, materiais escolares e bandeiras que, apesar de não oficiais, conquistam a garotada, principalmente as crianças.

FAMÍLIAS

Aos 12 anos, Sophia de Arruda conta que começou a maratonar os animes na Netflix, pouco antes da pandemia, mesmo que já tivesse observado a paixão do irmão mais velho, Tomas, hoje com 29 anos. A mãe, Marcia Raf, de 50 anos, saiu cedo de Itapecerica da Serra, onde mora a família, e levou a filha à região não para fazer ou visitar algo específico, mas porque reconhece que o bairro é o “point das coisas de cultura japonesa”.

“Eu confesso que assisto algumas coisas, principalmente os filmes, mas na minha época era mais popular e eu gostava mais da Safiri”, conta Márcia, comentando o mangá transformado em anime A Princesa e o Cavaleiro, exibido inicialmente no Japão em 1967. O apreço pela cultura japonesa, lembra, sempre esteve na família e nos cinco filhos, principalmente no segundo, que costumava assistir Pokémon e Digimon e, mais tarde, passou o gosto e a coleção de mangás para Sophia, a caçula.

“Ele ainda gosta também”, conta Sophia. Foi ela quem puxou os parentes para a Liberdade, mas isso não quer dizer que o restante do grupo também não tenha se divertido. Bater perna no bairro é um programa que tem ocupado mais e mais as agendas sociais de paulistanos, unindo o apreço dos mais jovens pela cultura popular japonesa à grande e variada oferta gastronômica da região.

Foi assim também para Anne Galvão, professora de educação física, de 36 anos, que passeava com a filha, Caroline Tedeschi, que completa 15 anos nesta semana. Elas saíram cedo de Salto, no interior do Estado, em busca do presente pedido pela adolescente: peças para o seu primeiro cosplay completo, inspirado em algum personagem de Demon Slayer, a nova febre japonesa dessa geração. Caroline mergulhou no universo de animes durante a pandemia e se encantou por uma música de Dragon Ball encontrada na aba de sugestões do YouTube. Popular na virada do milênio, o anime continuou produzindo novas temporadas, filmes e personagens. E fez com que a adolescente quisesse se aprofundar mais no universo dos desenhos japoneses, consumindo títulos clássicos e outros mais recentes. “Na minha escola tem muita gente que também curte. É bem popular”, conta Caroline, que também varia entre apps no celular e plataformas online para assistir aos títulos novos.

MAQUIAGEM

À espera de mesa no restaurante na Rua dos Estudantes, Klaus Santos, de 20 anos, contava com a companhia do irmão caçula Luiz, de 11, e da mãe. Klaus usava uma peruca preta de fios longos e o rosto maquiado com pintura que aumentava as olheiras e a lateral dos lábios. A inspiração para o cosplay era um personagem do anime Boku No Hero. “Eu ainda não fiz, mas estou planejando fazer”, promete Luiz. O mercado de animes planeja render até US$ 48 bilhões nos próximos seis anos. Já Enrico Leonardi, de 17 anos, une a paixão ao trabalho diante das galerias da Liberdade. Tenta atrair clientes vestido como um personagem de Jujutsu Kaisen. “Eu uso o dinheiro pra ajudar em casa, mas também pra comprar fantasias”, admite.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.