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Mais de 300 casos de hanseníase notificados neste ano no ES

A coordenadora estadual da Hanseníase, Marizete Puppin, destaca que a campanha funciona como um importante indicador de como está a doença no Estado e onde a bactéria está circulando

Mais de 300 casos de hanseníase notificados neste ano no ES Mais de 300 casos de hanseníase notificados neste ano no ES Mais de 300 casos de hanseníase notificados neste ano no ES Mais de 300 casos de hanseníase notificados neste ano no ES
No Espírito Santo, 317 casos da doença já foram notificados neste ano Foto: Divulgação

Vinte e seis municípios capixabas aderiram à campanha nacional contra a hanseníase, verminose e tracoma iniciada neste mês de agosto e que deverá atingir 180 mil estudantes do ensino fundamental, na faixa etária de 05 a 14 anos de idade. No Espírito Santo, 317 casos da doença já foram notificados neste ano, até o último dia 1º. Desses, 11 pacientes são menores de 15 anos. 

Além dos 15 municípios capixabas já beneficiados com a ação no ano passado, outros 11 municípios também participam da campanha neste ano. O objetivo é o diagnóstico precoce da doença que causa deformidades e incapacidades se não for tratada precocemente.

A coordenadora estadual da Hanseníase, Marizete Puppin, destaca que a campanha funciona como um importante indicador de como está a doença no Estado e onde a bactéria está circulando. “Se há casos em menores de 15 anos é sinal de que há adulto doente por perto, porque as crianças circulam mais no meio familiar. Assim, fica mais fácil rastrear e tratar esse adulto que não buscou o serviço de saúde para diagnóstico e tratamento”, observa. 

Marizete lembra que, para a campanha alcançar seu objetivo é preciso adesão dos municípios e comemora o fato de mais cidades capixabas participarem da ação neste ano. A expectativa é de no ano que vem o número seja ainda maior.

No Espírito Santo, desde o último dia 04, profissionais de saúde e de escolas da rede pública de 26 municípios iniciaram a campanha com o objetivo de identificar os estudantes que apresentem sinais e sintomas de hanseníase através do método “espelho”, utilizado para o mapeamento das lesões, para posterior confirmação diagnóstica. Também é ofertada dose de medicamento para tratar verminoses, mediante consentimento dos pais. Aqueles que não concordam têm que assinar o termo de recusa.

Para Marizete, a campanha é interessante porque coloca a família como corresponsável nas ações que são desenvolvidas nas escolas. Ela lembra que muita gente não procura o tratamento porque não dá a devida importância para a mancha que não coça, não dói, não incomoda. “Ir até o escolar é uma forma de multiplicar as informações educativas na comunidade e fazer busca ativa das pessoas contaminadas”, reforça.

Ela explica que o método espelho ou autoimagem consiste em um formulário que deverá ser preenchido pelos pais ou responsáveis a respeito de sinais e sintomas sugestivos de hanseníase. O aluno com esses sinais será examinado na escola pelos profissionais de saúde e, se necessário, encaminhado para os serviços de saúde para confirmação do diagnóstico de hanseníase e iniciará o tratamento imediatamente.

A coordenadora alerta para a importância das pessoas procurarem o serviço de saúde ao aparecimento de manchas, de qualquer cor, em qualquer parte do corpo, principalmente se essa mancha apresentar diminuição de sensibilidade ao calor e ao toque. O tratamento é gratuito e está disponível nos 78 municípios do Estado.

A campanha também inclui o tracoma no grupo de doenças trabalhadas. Causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, atinge geralmente populações mais carentes. A doença está relacionada a baixas condições socioeconômicas e condições precárias de higiene e acesso à água. O tracoma, se não tratado, pode levar à cegueira.

A hanseníase

– A Hanseníase ainda é considerada um problema de saúde pública no Brasil. Só no Espírito Santo foram notificados 728 casos no ano passado. Desses, 55 em menores de 15 anos.

– É uma doença infecciosa, causada por uma bactéria (bacilo de Hansen). Atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo. Pode variar de dois a até mais de 10 anos. 

– Além de manchas na pele com perda ou alteração de sensibilidade, a hanseníase pode apresentar áreas de pele seca e com falta de suor; sensação de formigamento, dor e choque; fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas; diminuição da força muscular; úlceras e nódulos no corpo; entre outros. 

– O exame de contatos é uma das principais formas de prevenção. A partir de um caso identificado na família, são adotadas medidas de prevenção entre os demais moradores da casa, já que a transmissão ocorre de pessoa para pessoa. Os pacientes sem tratamento eliminam os bacilos através da tosse, espirro, gotículas da fala e secreções nasais.

– A doença tem cura, o tratamento é gratuito e está disponível nos 78 municípios do Estado, por meio de serviços de referência, com medicações e acompanhamento.