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Mais de duzentas pessoas permanecem no Largo do Paiçandu

Mais de duzentas pessoas permanecem no Largo do Paiçandu Mais de duzentas pessoas permanecem no Largo do Paiçandu Mais de duzentas pessoas permanecem no Largo do Paiçandu Mais de duzentas pessoas permanecem no Largo do Paiçandu

Moradores desabrigados pela queda do edifício Wilton Paes de Almeida continuam ocupando o Largo do Paiçandu, diante da Igreja Nossa Senhora do Rosário, na manhã desta quinta-feira, 3. O grupo que organiza o acampamento dos sem-teto estima que 200 pessoas dormiram no local.

Após a confusão desta quarta-feira, 2, quando roupas e lixo tomaram o largo e pessoas se apresentaram dizendo ser moradores, o movimento de moradia com os residentes desalojados adotou um sistema de organização: identificam-se com uma fitinha roxa amarrada no braço. Os líderes utilizam também um crachá onde se lê “Ocupação Paissandu – apoio”.

Grades foram colocadas para isolar o grupo que dormiu na porta da igreja. Nesta quarta, fitas não deram conta de impedir a passagem de curiosos e pessoas que ocuparam a calçada alegando morar no edifício. As doações foram tantas, que os líderes do movimento passaram a recusar roupas já no fim da manhã. À tarde, uma mesa foi montada com uma montanha de roupas para que qualquer passante pudesse pegar. Lonas chegaram a ser amarradas com cordas a postes junto à parede da Igreja Nossa Senhora do Rosário para servir de teto a quem queria privacidade.

Esta foi a terceira noite em que os moradores do prédio dormiram no local. Eles se dividiram em grupos para limpar a calçada, que acumulava restos de comida, roupas e lixo. Barracas de acampamento e colchões estão espalhados no interior das grades. Algumas famílias com crianças foram passar a madrugada em albergues próximos, mas retornaram ao local nas primeiras horas da manhã.

A manicure Keliane Mendes, de 34 anos, passou mal nesta madrugada. Ela diz que morava no 3° andar do edifício. “Esta noite foi pior por causa da poeira e da fumaça. Tenho rinite alérgica e sinusite, então fiquei com dificuldade para respirar”, diz. Uma fumaça branca ininterrupta nos escombros do edifício toma o Largo do Paiçandu há mais de 48 horas. Focos de incêndio surgem do material durante os trabalhos dos bombeiros.

A auxiliar de limpeza Fábia Rodrigues, de 36 anos, conta que busca auxílio na casa de amigos. “Durante o dia, muitos saem para tomar banho na casa de amigos. Usamos banheiros dos bares próximos. À noite, vamos fazer xixi atrás dos carros”, diz.

Preocupados com a fumaça, líderes do movimento orientam moradores a retirar crianças do local. A estratégia do movimento é manter adultos no local para pressionar os governos por moradia. O grupo se recusa a ir para os albergues oferecidos pela Prefeitura de São Paulo.