Geral

Mercado teme prorrogação da disputa nos EUA

Mercado teme prorrogação da disputa nos EUA Mercado teme prorrogação da disputa nos EUA Mercado teme prorrogação da disputa nos EUA Mercado teme prorrogação da disputa nos EUA

Com o candidato democrata Joe Biden à frente nas pesquisas para a presidência dos EUA, o maior temor dos investidores é que a disputa pela Casa Branca não acabe hoje e vá parar na Justiça. O mercado sabe que a indefinição deixaria incertos os rumos da política econômica americana pelos próximos quatro anos.

Na avaliação de analistas ouvidos pelo Estadão, o cenário em que o atual presidente, Donald Trump, perca a eleição por uma margem estreita de votos e não aceite a derrota é tido como um pesadelo pelo mercado, já que a indefinição política se arrastaria por dias ou semanas.

“A indefinição é a pior coisa que poderia acontecer para os mercados, em um momento de segunda onda de pandemia nos países desenvolvidos”, avalia Roberto Luís Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Para os analistas, quando estiver definido o futuro presidente dos EUA, o mercado deve reagir de formas opostas. Caso o democrata ganhe, a primeira reação seria negativa nas bolsas, com o receio de que o novo governo aumente impostos corporativos. No longo prazo, no entanto, a expectativa seria positiva, dado que o presidente poderia melhorar as relações com a China, avançar em parcerias e diminuir a tensão no comércio internacional.

Se a vitória do democrata se confirmar, com o partido também conquistando o Senado, a chance de “massivos estímulos” melhorariam as perspectivas para a atividade econômica americana em 2021, o que por sua vez ajudará o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ressaltam os estrategistas do banco JPMorgan.

No caso de reeleição de Trump, o movimento seria o oposto: euforia em um primeiro momento, pela afinidade que o governo do republicano mantém com o mercado, mas negativa em um segundo momento, já que os investidores veriam os próximos quatro anos como “mais do mesmo”.

“Trump não tem uma proposta nova para o país superar a crise causada pela pandemia. Falta criatividade e o mercado sabe disso”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton. “No caso de Biden vencer, o investidor brasileiro ficará atento ao futuro das relações entre o governo americano e Jair Bolsonaro, sobretudo em áreas sensíveis, como o meio ambiente.”

“No longo prazo é melhor que o Biden ganhe. Ele tem uma visão mais ampla de integração com a economia mundial e vai ter uma relação melhor com a China. O mercado olha o curto prazo, mas um dia a conta vem – e Trump deixará um país muito endividado”, diz Troster.

Apesar do temor que o mercado tem de uma indefinição no resultado das eleições, as bolsas de Nova York tiveram um pregão tranquilo ontem, recuperando parte das perdas registradas na semana passada. O índice Dow Jones, por exemplo, teve alta de 1,60%. (Colaborou Altamiro Silva Junior)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.