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Mesmo com abertura autorizada, maioria das escolas do Rio fica fechada

Mesmo com abertura autorizada, maioria das escolas do Rio fica fechada Mesmo com abertura autorizada, maioria das escolas do Rio fica fechada Mesmo com abertura autorizada, maioria das escolas do Rio fica fechada Mesmo com abertura autorizada, maioria das escolas do Rio fica fechada

Autorizadas a retomar parte das aulas presenciais a partir desta semana, as escolas particulares do Rio, em sua maioria, permaneceram fechadas nesta segunda-feira, 2 – e deverão continuar sem receber alunos ainda por alguns dias. Entre as razões, estão incertezas sobre a validade do decreto autorizativo do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), uma disputa jurídica, uma greve de professores e receios de responsáveis pelos colégios e dos próprios pais de alunos em meio à pandemia.

O Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe-Rio) não divulgou balanço sobre o total de escolas reabertas, mas admitiu que “a adesão foi muito pequena”. Para o Sinepe, que na semana passada divulgou vídeo defendendo o retorno imediato das aulas presenciais, a maioria dos colégios prefere aguardar sinalização do governo estadual para retomar as atividades normalmente.

Uma das poucas escolas do Rio a reabrir nesta segunda foi a Camões Pinochio, na Freguesia, zona oeste da capital fluminense. Apenas alunos de quatro séries (quarto, quinto, oitavo e nono anos) tiveram atividades, que não foram propriamente aulas.

“O foco nos dois primeiros dias será dar boas-vindas, orientar os alunos, explicar os procedimentos de segurança e entender como está cada um deles”, explicou o diretor pedagógico da escola, Luciano Nogueira. “A partir de quarta as aulas serão de fato retomadas.”

Os alunos tiveram a temperatura do corpo verificada ao chegarem ao colégio, e só puderam entrar de posse de um “kit máscara” – segundo Nogueira, devido ao tempo de permanência na escola é necessário que se troque o equipamento de proteção ao longo do dia.

O diretor explicou que a Camões estava preparada para retomar as atividades desde o início do mês passado, mas aguardava uma autorização da prefeitura.

“Foi um pedido dos pais dos alunos. Muitos deles precisam sair para trabalhar e precisam deixar os filhos em um lugar confiável. E tem também a questão da necessidade de interação dos alunos. O ser humano não foi feito para ficar isolado”, justificou.

No fim de semana, o Sindicato dos Professores do Município do Rio e Região (Sinpro-Rio) realizou assembleia virtual e deliberou por uma “greve “pela vida”. Segundo o presidente da entidade, Oswaldo Teles, a categoria só voltará às aulas presenciais com o respaldo dos órgãos oficiais da ciência (OMS, Fiocruz, UFRJ e UERJ).

“Não nos negamos a trabalhar, e estamos trabalhando muito no teletrabalho, mas estamos em greve pela vida”, disse ele.

Indefinição. O Ministério Público (MPRJ) e a Defensoria Pública do Estado tentam derrubar na Justiça a autorização dada por Crivella para retorno às aulas na rede particular. Os órgãos consideram que a medida “traz risco à vida e saúde da coletividade, além de promover desigualdade de acesso à escola”. A petição traz informações de estudo da Fiocruz que considera prematura a abertura das escolas no atual momento, e reitera que “escolas privadas de ensino fundamental e médio integram o sistema estadual de ensino, cabendo ao Estado – e não ao município – regulamentar seu funcionamento”. Na noite de domingo, o Plantão Judiciário manteve a autorização, mas o MPRJ e a Defensoria recorreram.

O governo do Estado determinou que escolas só podem voltar a funcionar em regiões consideradas de baixo risco de transmissão do vírus da covid-19, o que ainda não é o caso da capital fluminense. Além disso, o retorno não deveria ser imediato. Segundo a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc), antes de os alunos voltarem às escolas será necessária a implantação de um protocolo de quinze dias, que será coordenado pela Secretaria da Saúde.

Em meio às indefinições, pais de alunos pregam cautela. “Não sabemos exatamente o que vai acontecer, então, já que podemos deixar nosso filho mais um pouco em casa, vamos deixar”, disse a advogada Andrea Lerner. O filho dela, Pedro, de 8 anos, estuda em um colégio particular em Laranjeiras, na zona sul. Segundo Andrea, a escola previa retomar as aulas presenciais de forma escalonada ainda este mês, mas o calendário poderá ser revisto a partir da indecisão vista no município.

A advogada diz respeitar as opiniões tanto de quem defende o retorno imediato quanto de quem prefere esperar.

“Há bons motivos dos dois lados”, explicou. “Óbvio que a questão do ensino importa para nós, mas, neste momento, o mais importante é a questão da saúde. O Pedro é um menino inteligente, tem boas notas. Se tiver que esperar mais um tempo e depois recuperar todo o período perdido, a gente espera.”