Geral

Moradores de bairros vulneráveis do ES querem ter qualificação profissional, revela pesquisa

Do total de entrevistados, 50,5% são mulheres e 49,5% são do sexo masculino, com idade média de 20 anos e mais de 80% se declararam negros e pardos

Moradores de bairros vulneráveis do ES querem ter qualificação profissional, revela pesquisa Moradores de bairros vulneráveis do ES querem ter qualificação profissional, revela pesquisa Moradores de bairros vulneráveis do ES querem ter qualificação profissional, revela pesquisa Moradores de bairros vulneráveis do ES querem ter qualificação profissional, revela pesquisa
Entre os que foram ouvidos, 89% pretendem voltar a estudar, com 41% deles buscando alcançar o curso superior; 83% desejam fazer cursos de qualificação  Foto: ​Divulgação 

Mais de 80% dos jovens que moram em áreas de alta vulnerabilidade do Espírito Santo, querem estudar, ter uma qualificação profissional e conseguir um emprego. A informação foi confirmada através de um diagnóstico feito pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), em parceria com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDH) e Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES). A pesquisa foi lançada na manhã desta quinta-feira (26), durante uma coletiva no auditório da IJSN, em Vitória. 

Durante oito meses, mais de 6 mil crianças, adolescentes e jovens, com idade entre 10 e 24 anos, e que abandonaram os estudos, foram entrevistados nos municípios de Vila Velha, Serra, Cariacica, Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Colatina, São Mateus e Pinheiros. Eles são moradores dos 25 bairros atendidos pelo Programa de Ocupação Social.

Entre os que foram ouvidos, 89% pretendem voltar a estudar, com 41% deles buscando alcançar o curso superior; 83% desejam fazer cursos de qualificação profissional, 75% sonham em abrir o próprio negócio e 99% reconhecem que o trabalho é importante para sustentar a família e garantir a educação dos filhos.

Do total de entrevistados, 50,5% são mulheres e 49,5% são do sexo masculino, com idade média de 20 anos e mais de 80% se declararam negros e pardos. O levantamento revela ainda que a renda domiciliar per capita desses meninos e meninas é de apenas R$ 294 por mês, 38% dos jovens estão casados ou vivem juntos e, 43% deles, já têm filho. A formação precoce da família é confirmada também pela média de idade na qual os entrevistados tiveram filho, que é de 17 anos.

Diretora-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, Andrezza Rosalém durante o lançamento da pesquisa Foto: ​Divulgação/IJSN

De acordo com a diretora-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves, Andrezza Rosalém, foi importante identificar, durante a pesquisa, como é a vida desses jovens. “Para propor ações para esse público, é necessário primeiro entender seu universo. A pesquisa precisava apontar o que eles gostam, como se relacionam com arte, esporte, cultura e com quais atividades eles querem aproveitar o tempo deles. Conseguimos entender também o que eles esperam para o futuro”.

Educação e trabalho 

Seis em cada dez jovens abandonaram a escola no ensino fundamental. Eles apresentaram baixa escolaridade e 75,5% já reprovaram pelo menos uma vez. Nos bairros Central Carapina e Barramares, o que chama atenção é a porcentagem de entrevistados que declararam não saber ler ou ter dificuldade, 17,5% e 14,8% respectivamente. Entre os principais motivos da evasão escolar estão a falta de interesse (32,7%), a necessidade de trabalhar (24,5%) e casamento e filhos (22,4%). Entre as mulheres o número é ainda mais alarmante, pois 96% pararam de estudar por causa do casamento ou de filhos.

Entre os ocupados, a idade em que os entrevistados começaram a trabalhar foi 15 anos. Quase 70% deles são empregados e pouco mais de 28% atua por conta própria. Mais da metade não possui carteira assinada e recebe abaixo de um salário mínimo, em média R$ 792.

Apesar da precarização dos postos de trabalho, 40% do público alvo da pesquisa afirmou já ter feito algum curso de qualificação profissional. Mas há um distanciamento entre a qualificação e o emprego disponível, o que resulta em 77% de jovens que não trabalham ou nunca trabalharam na área em que cursaram a qualificação profissional.

Futuro

Quase 97% dos jovens acreditam que o estudo é muito importante. A maioria também acredita que é preciso saber aproveitar as oportunidades e trabalhar duro, com persistência. Mais de 86% deles fazem planos para o futuro e a principal dificuldade para alcançar a universidade é a necessidade de trabalhar (21%), seguida pela falta de dinheiro (14%) e dificuldade de acompanhar as aulas (10%).