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Morre Lucía Hiriart, viúva do ditador do Chile Augusto Pinochet

Morre Lucía Hiriart, viúva do ditador do Chile Augusto Pinochet Morre Lucía Hiriart, viúva do ditador do Chile Augusto Pinochet Morre Lucía Hiriart, viúva do ditador do Chile Augusto Pinochet Morre Lucía Hiriart, viúva do ditador do Chile Augusto Pinochet

Morreu nesta quinta-feira, 16, María Lucía Hiriart Rodríguez, viúva do ditador do Chile Augusto Pinochet, aos 99 anos. Lucía era conhecida por ser influente nas decisões de seu marido durante o regime militar de 1973 a 1990.

Nascida em dezembro de 1922, a ex-primeira-dama morreu aos 99 anos por complicações de saúde devido à sua idade avançada, informaram familiares à imprensa local. Lucía se casou com Pinochet em 1943 e juntos tiveram cinco filhos.

Ela despertou fortes reações entre os chilenos pela percepção de influência que ela exercia sobre Pinochet e pela fortuna acumulada por sua família. Seu espólio geria uma fundação polêmica, que foi submetida a várias investigações judiciais.

“Aos 99 anos e rodeada de familiares e entes queridos, minha querida avó falece”, escreveu uma de suas netas nas redes sociais. “Ela deixa uma marca imensa em nossos corações. Dedicou sua vida a serviço dos chilenos e a história saberá valorizar a sua grande obra e a seu trabalho pelo nosso amado país. Descanse em paz”.

Seu pai era Osvaldo Hiriart , militante do Partido Radical (PR) e ex-ministro do Interior do ex-presidente Juan Antonio Ríos, um crítico da ditadura de Pinochet.

Segundo contou o próprio ditador em suas memórias, sua esposa foi peça fundamental para a sua decisão de realizar o golpe de estado contra Salvador Allende em 11 de setembro de 1973.

Após o golpe, Lúcia era considerada a mulher forte do novo regime, com poderes de influenciar as decisões do marido. Entre os episódios mais marcantes estão a demissão do chanceler Hernán Cubillos após uma viagem frustrada de Pinochet às Filipinas e a prorrogação de Manuel Contreras, de quem era muito próxima, como diretor da Diretoria Nacional de Inteligência (DINA), a polícia secreta do Chile.

Após o fim da ditadura, a ex-primeira-dama fez poucas aparições públicas, em geral aquelas ligadas ao seu marido, que morreu em 2006.

Ela enfrentou diversos problemas com a justiça, em especial após se tornarem públicas as denúncias de negócios imobiliários da fundação Cema-Chile, criada durante a ditadura para dar formação a donas de casa. Ao fim do regime, a fundação perdeu seu caráter social e virou um lucrativo negócio imobiliário. Em 2006, ela e mais quatro filhos foram presos preventivamente devido a contas de Pinochet mantidas em bancos estrangeiros.

A morte de Lucía acontece apenas três dias antes do segundo turno de uma das eleições mais polarizadas do país. Um dos candidatos, o ultradireitista José Antonio Kast, já estampou as campanhas do ex-ditador e defendeu a ditadura durante parte da campanha. Agora ele tenta moderar o discurso, em busca dos votos do centro. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)