Geral

'Morro inteiro veio abaixo', diz prefeito com carro soterrado no PR

‘Morro inteiro veio abaixo’, diz prefeito com carro soterrado no PR ‘Morro inteiro veio abaixo’, diz prefeito com carro soterrado no PR ‘Morro inteiro veio abaixo’, diz prefeito com carro soterrado no PR ‘Morro inteiro veio abaixo’, diz prefeito com carro soterrado no PR

Momentos antes de um deslizamento de terra atingir mais de 20 veículos na BR-376, em Guaratuba, no litoral do Paraná, o prefeito da cidade, Roberto Justus (União), havia comentado com o motorista dele, Claudio Margarida, que nunca tinha visto tanta água e tanta lama morro abaixo às margens da rodovia, onde estavam parados, no início da noite de segunda-feira, 28. “A gente pressentia que algo pudesse acontecer”, disse.

O deslizamento matou ao menos uma pessoa, segundo o governo estadual. As autoridades locais ainda não sabem informar quantas pessoas estão desaparecidas. O terreno está instável no local, dificultando o acesso direto aos veículos.

Em entrevista ao Estadão, na tarde desta terça-feira, 29, o prefeito contou que os veículos estavam parados no congestionamento quando foram atingidos. Ele e o motorista saíram ilesos. De acordo com Justus, o local não tem sinal de telefonia e internet. “A gente manda a equipe, mas não tem como te ligarem e dizer como está, tem que esperar voltarem de lá para nos contar”, explicou. “Não podiam ter deixado seguir viagem ali, mas também nunca aconteceu nada parecido. Agora não é hora de avaliar isso, tem muita gente embaixo daquela terra toda e precisamos dar conta disso”, afirmou.

O prefeito contou que tudo aconteceu muito rápido. “O morro inteiro veio abaixo de uma vez só, numa velocidade tão grande que não dá para reagir ou pensar absolutamente nada. Pus a mão no vidro, com a ideia de que poderia segurar, e aguentei a pancada muito forte, que jogou o caro para cima e aquela lama toda começou a nos erguer. Subiu, subiu, e depois deslizou para outra pista”, disse.

Segundo ele, o carro parou tombado com a porta do lado do motorista quase encostada no chão. “O Cláudio chutou o vidro da porta dele e saímos por debaixo do carro. Chovia demais na hora, e a gente via aquele lamaçal descendo”, recorda-se. “Saímos ilesos, ficou só a dor da pancada e o estado emocional bem abalado. Foi assustadora a situação. É aí que a gente percebe o milagre que recebeu. Não sei como estou aqui”, contou.

Ainda nas primeiras horas de uma viagem de 850 quilômetros, entre Itajaí (SC) e Foz do Iguaçu (PR), a cabeleireira Daniela Morales de Subeldia, de 55 anos, viu a poucos metros do ônibus em que estava o deslizamento de terra, na altura do quilômetro 669, que atingiu o carro do prefeito de Guaratuba – que voltava de Curitiba (PR) – e outros veículos.

Apesar do susto, ninguém no ônibus em que ela estava se feriu. Ela contou ao Estadão que teve que passar a noite no local com fome, frio e chuva. “Vixi, Maria. Foi um susto muito grande. Primeira vez que vi uma coisa dessa, me deixou muito mal. Aconteceu na nossa frente, a lama levou tudo, foi muito forte e tinha gente ferida. Estou até agora passando mal”, disse.

Daniela precisou ir a pé até a rodoviária de Garuva (SC), cidade mais próxima, para conseguir retornar à casa da irmã, em Itajaí (SC), onde estava. Na tarde desta terça-feira, 29, ela ainda estava em deslocamento para a rodoviária da cidade da irmã. “Estou morta de canseira, com fome, sono, ninguém ajudou a gente lá. Tive que me virar com tudo”, afirmou.

O deslizamento aconteceu em um trecho de serra, conhecido como “Curva da Santa”. Com isso, as pistas que ligam os Estados de Paraná e Santa Catarina estão interditadas desde a noite de segunda. À tarde, antes do deslizamento que atingiu os veículos, um talude havia cedido e atingido uma das faixas da BR-376. Os trabalhos de buscas continuam no local.