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Mortos 'compravam' medicamentos em drogaria que fraudava Farmácia Popular

Mortos ‘compravam’ medicamentos em drogaria que fraudava Farmácia Popular Mortos ‘compravam’ medicamentos em drogaria que fraudava Farmácia Popular Mortos ‘compravam’ medicamentos em drogaria que fraudava Farmácia Popular Mortos ‘compravam’ medicamentos em drogaria que fraudava Farmácia Popular

O dono de uma drogaria de Fernandópolis, interior de São Paulo, fornecia medicamentos até para pessoas já mortas para fraudar o Programa Farmácia Popular, do governo federal, que oferece remédios subsidiados ou de graça a pessoas carentes. Funcionários da drogaria também estavam entre os principais beneficiários dos remédios gratuitos, cujo valor era ressarcido pelo programa à farmácia. O proprietário da Drogaria São Jorge, em Fernandópolis, interior de São Paulo, foi denunciado pelo Ministério Público Federal por fraudes que resultaram no desvio de R$ 745 mil em dois anos.

Conforme apuração feita pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), o dono da drogaria usou nomes e números do CPF de pessoas já mortas como supostos beneficiários, para alimentar o sistema eletrônico do programa, que então autorizava a liberação dos repasses indevidos. Atendentes da própria farmácia, identificados como pessoas saudáveis, recebiam remédios gratuitos ou subsidiados para tratar diabete, pressão alta e asma.

O dono usou ainda prescrições médicas que não foram reconhecidas como autênticas pelos profissionais de saúde, com assinaturas ilegíveis, sem data e sem indicação de dosagem do medicamento. As receitas não continham o endereço dos pacientes, como exige o Ministério da Saúde.

As supostas fraudes aconteceram entre 2013 e 2015 e, na apuração, o denunciado não apresentou as notas fiscais de aquisição dos medicamentos. Assim, não conseguiu comprovar que os remédios haviam sido de fato adquiridos pela drogaria, o que levou a investigação a concluir que não havia estoque suficiente para atender as vendas relatadas. “Nesse diapasão, vendia-se até mesmo o que não se possuía e recebia-se a parte correspondente do governo federal, em insidioso locupletamento”, ressalta a denúncia do MPF de Jales.

Na ação cível, além da condenação do dono da drogaria, o MPF pede a restituição dos R$ 745 mil ao Fundo Nacional de Saúde, a suspensão dos direitos políticos e a proibição de contratar com o poder público ou receber benefícios fiscais. Criminalmente, o empresário foi denunciado por estelionato, com pena prevista de cinco anos de reclusão, aumentada em um terço pelo crime praticado contra entidade de direito público.

A reportagem entrou em contato por telefone com a drogaria na tarde de quarta e nesta quinta-feira, 25. Funcionários informaram que o proprietário estava em viagem. Disseram ainda que desconheciam as denúncias e que a farmácia não tem advogado. Ele foi procurado também pelo celular registrado em seu nome, mas não deu retorno aos contatos.

O Ministério da Saúde informou que, em março deste ano, confirmou as irregularidades por auditoria do Denasus e descredenciou a Drogaria São Jorge do Programa Farmácia Popular. Conforme a pasta, estão sendo adotadas as medidas administrativas para a devolução dos recursos aos cofres públicos.