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Motoristas são flagrados com substância química no organismo

Números apresentados pelo SOS Estrada, com base em dados do Denatran e Renainf, mostraram que mais de 700 mil motoristas afirmaram o uso de drogas entre março de 2016 e setembro de 2020, após realização de exames toxicológicos.

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Foto: Divulgação/DINO

Em estudo realizado no período de março de 2016 a setembro de 2020, foi detectada alta presença de substâncias tóxicas em mais de 700 mil motoristas profissionais de caminhão, vans e ônibus que confirmam uso de drogas. Nesse período, 67% dos testes de portadores de carteiras do tipo C, D e E foram positivos para cocaína.

Os dados apresentados para o ano de 2020 especificamente, mostram que a droga mais consumida também foi a cocaína. Os números foram apresentados no estudo SOS Estrada e o destaque ficou para o dado de que 170 mil motoristas foram flagrados com alguma substância química no organismo nesse mesmo ano.

Para essa pesquisa, os dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e do Renainf (Registro Nacional de Infrações de Trânsito) foram analisados pelo SOS Estrada com base nas informações e exames toxicológicos.

Estes exames, precisam ser apresentados por condutores profissionais na renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e também para contratação e demissão nas empresas. “Os dados revelam uma parcela de um iceberg que é o uso de drogas por condutores profissionais”, afirma Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS Estradas.

Luís Gonzalo Gomez Barreto (CRM 5679), responsável pela Clínica de Recuperação Revitale afirma que a obrigatoriedade do exame toxicológico só expôs um grave problema que precisa ser encarado de frente. “Esse número elevado de motoristas que usam drogas pode estar relacionado com a necessidade de conduzir veículos por mais tempo que o corpo conseguiria aguentar”, diz Luíz.

Luíz também afirma que é comum receber em sua clínica de recuperação para dependência química ou alcoolismo pessoas que passaram por exames toxicológicos e foram incentivadas a procurar ajuda.

Diferentemente da Lei Seca, os exames toxicológicos possuem um caráter de prevenção, é o que disse Rizzotto, do SOS Estradas. “Um trabalho como esse, que é preventivo, funciona muito melhor do que a fiscalização”, compara.

O consumo de substâncias químicas é um dos motivos de acidentes de trânsito nas estradas do Brasil. Pesquisa recente, realizada entre julho de 2018 a junho de 2019, conduzida na USP (Universidade de São Paulo) constatou que a prevalência do consumo de substâncias psicoativas entre pessoas internadas por algum trauma no HC/FM-USP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina) é de 31,4%. Na mesma pesquisa, é possível verificar que o álcool foi o entorpecente mais usado (23%), seguido da cocaína (12%) e da maconha (5%). Além disso, o estudo apontou que em 9% das amostras de sangue, traços de mais de uma droga foram detectados.

Os dados apresentados, demonstram a necessidade de um trabalho maior do que somente a conscientização de motoristas por todo o Brasil quanto ao uso de substâncias químicas.