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MP investiga obra perto do Parque da Água Branca

MP investiga obra perto do Parque da Água Branca MP investiga obra perto do Parque da Água Branca MP investiga obra perto do Parque da Água Branca MP investiga obra perto do Parque da Água Branca

Moradores da zona oeste paulistana têm se mobilizado contra a construção de dois edifícios de alto padrão no entorno do Parque da Água Branca. Após receber queixas, o Ministério Público Estadual instaurou inquérito para investigar as obras por possíveis danos à vizinhança e ao meio ambiente – entre eles, o risco de secar nascentes.

Previstos para ter garagem no subsolo e mais de 20 andares de altura, os empreendimentos foram lançados pela construtora Kallas e ficam nas Ruas Doutor Costa Júnior e Melo Palheta, a menos de 400 metros do Parque da Água Branca. “Se você cria uma parede de prédios no entorno do parque, acaba matando a finalidade dele”, diz o engenheiro químico Andrés Cespedes, de 52 anos, que faz parte da Sociedade Amigos de Perdizes, entidade responsável por fazer a representação no Ministério Público.

Para moradores, o projeto também destoa dos outros imóveis da área, predominantemente formada por casas ou edificações baixas. Eles temem problemas como aumento do fluxo de veículos. “Os prédios devem acabar descaracterizando o entorno, que hoje tem baixa densidade populacional, e afetar os serviços que estão nessas ruas.”

Na representação, a Sociedade Amigos de Perdizes afirma que as construções estariam a mais de 400 metros da Avenida Francisco Matarazzo, portanto fora do eixo liberado pela Lei de Zoneamento. Também afirma que as obras de demolição seriam irregulares.

Em 29 de maio, a Promotoria de Habitação e Urbanismo acatou a queixa e abriu investigação. O MPE-SP pede esclarecimentos à construtora e à Prefeitura sobre licenciamentos e a existência de estudos. Outra dúvida é se os empreendimentos estariam localizados dentro ou fora da área permitida. O MPE-SP também ordenou vistoria pela gestão municipal para verificar as demolições. O inquérito está em andamento.

Em 2002, a construção de outro prédio com garagem subterrânea chegou a provocar danos ao Parque da Água Branca. Na ocasião, as obras de escavação afetaram uma nascente responsável por abastecer fontes do parque. O chafariz secou e cerca de 400 carpas tiveram de ser transferidas às pressas. Parte dos peixes morreu. Os moradores temem que o problema volte a ocorrer. “Não podemos repetir erros do passado”, diz Cespedes.

Respostas

Responsável por administrar o Água Branca, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, da gestão João Doria (PSDB), diz ter acompanhado as “medidas mitigatórias” para a solução do problema de 2002 e que, hoje, o abastecimento está regular. Sobre as novas construções, afirma que “não coube ao governo do Estado o licenciamento do empreendimento”. As autorizações são emitidas pela Prefeitura.

A gestão Bruno Covas (PSDB) afirma que os empreendimentos “não necessitam de relatório de impacto de vizinhança e relatório de impacto ambiental”, segundo a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo. Embora ainda não tenha respondido ao MPE-SP, a Prefeitura diz que as construções têm autorizações necessárias e não ferem a lei. Segundo o Município, a construtora chegou a ser autuada por causa de demolições irregulares, que permanecem “sob vigilância”.

A construtora Kallas afirma ter seguido o trâmite legal e diz que os empreendimentos não oferecem risco urbanístico e ambiental ao Parque da Água Branca. A empresa ainda nega irregularidades durante as demolições. “A Kallas preencheu todos os critérios legais, ambientais e urbanísticos, foi aprovada em todos os órgãos da Prefeitura e possui empresas especializadas que fizeram todas as análises, visando a eliminar qualquer possibilidade de ofensa ao meio ambiente”, informou.

Segundo a Kallas, o estudo “afastou qualquer hipótese de a localidade enquadrar-se em área de preservação”. Para a construtora, também não deve haver adensamento populacional, uma vez que, somados, os prédios terão 112 unidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.