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No Peru, Castillo deixa partido após ser acusado de adotar 'programa neoliberal'

No Peru, Castillo deixa partido após ser acusado de adotar ‘programa neoliberal’ No Peru, Castillo deixa partido após ser acusado de adotar ‘programa neoliberal’ No Peru, Castillo deixa partido após ser acusado de adotar ‘programa neoliberal’ No Peru, Castillo deixa partido após ser acusado de adotar ‘programa neoliberal’

O presidente do Peru, Pedro Castillo, deixou nesta quinta-feira, 30, o partido Peru Livre, com o qual venceu as eleições do ano passado, após ser acusado pelos líderes partidários de ter promovido uma dissidência interna e implementado um “programa neoliberal”. A legenda passa agora a fazer parte da oposição ao presidente.

A saída aumenta o isolamento político de Castillo, que enfrenta denúncias de crimes de patrocínio ilegal e tráfico de influência. O Congresso peruano investiga o presidente e deve recomendar uma acusação constitucional contra ele, o que pode acarretar um pedido de destituição do cargo, que ocupa há 11 meses.

O partido já havia pedido a Castillo para sair na terça-feira, sob a ameaça de expulsá-lo. “Definitivamente, não somos uma bancada governista”, disse o parlamentar Waldemar Cerrón, líder da bancada e irmão do líder do partido, Vladimir Cerrón.

Como expressão da nova posição, os parlamentares do Peru Livre votaram a favor da censura ao ministro do Interior, Dimitri Senmache, por falta de capacidade de gestão. Trata-se do quarto integrante do governo a ser censurado pelo Congresso em decorrência das investigações de tráfico de influência.

Cerrón afirmou ainda que o Peru Livre atuará como uma “oposição propositiva”, ao contrário da “oposição obstrucionista” dos partidos de direita que dominam o Congresso. “Não seremos uma bancada que estará se opondo por se opor”, disse.

Castillo apresentou ao Tribunal Eleitoral Nacional (JNE, na sigla em espanhol) o pedido para sair do partido na quarta-feira. Segundo ele, a decisão se deve à sua “responsabilidade como presidente de 33 milhões de peruanos”. Ele acrescentou que vai seguir com o “compromisso de continuar trabalhando e promovendo as grandes mudanças do bicentenário em um país democrático e ao lado de todos os peruanos”.

O presidente ainda agradeceu ao partido por acolhê-lo nas eleições que o levaram à presidência no ano passado, nas quais derrotou Keiko Fujimori. “Respeito o partido e suas bases construídas na campanha”, comentou.

Na quarta, o presidente peruano havia comentado que “os acontecimentos políticos atuais fazem parte do destino do país” e ressaltou que “o Peru está acima de tudo”. “Daqui eu convoco as forças políticas para que cheguem a um acordo para trabalhar pela democracia, para trabalhar pelas questões mais importantes que o país tem”, declarou.

O Peru Livre acusa Castillo de não ter colocado em prática o programa do partido, nem cumprido suas promessas eleitorais, e fazer justamente o contrário: “implementar o programa neoliberal perdedor”. Vladimir Cerrón afirmou que a decisão de pedir a sua saída aconteceu de forma unânime pelo Comitê Executivo Nacional, pela Comissão Política e pela bancada parlamentar do Peru Livre.

Além disso, os líderes o acusam de ter promovido uma dissidência interna na bancada parlamentar, que passou de 37 membros em julho do ano passado para 16, depois de uma série de desacordos. Castillo é apontado como responsável por minar a “unidade e a disciplina” – valores caros a legendas marxistas-leninistas, como o Peru Livre – ao dividir a bancada governista em três blocos. (Com agências internacionais).