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Após execução, Indonésia pede "respeito às leis"; embaixador do Brasil deixa país

O presidente da Indonésia, Joko Widodo publicou ontem uma mensagem em uma rede social na qual defende a pena de morte contra o tráfico de drogas na Indonésia

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Youtube

Brasília - Após a execução por fuzilamento do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, o governo indonésio pediu "respeito às leis do país" e o presidente Joko Widodo afirmou que não há "meias medidas" na guerra contra o tráfico de drogas. No domingo, 18, o embaixador do Brasil em Jacarta, Paulo Alberto da Silveira Soares, embarcou para Brasília - na noite de sábado, 17, a presidente Dilma Rousseff o convocou para consultas. Agora, o Itamaraty tenta reverter a condenação à pena de morte de Rodrigo Muxfeldt Gularte, de 41 anos.

Widodo publicou ontem uma mensagem em uma rede social na qual defende a pena de morte contra o tráfico de drogas na Indonésia. Gularte foi preso em 2004 no Aeroporto Internacional de Jacarta, quando tentou entrar com 6 quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. Archer levou ao país 13 quilos de cocaína em 2003.

"A guerra contra a máfia da droga não pode ser feita com meias medidas, porque as drogas têm verdadeiramente arruinado a vida dos usuários e das suas famílias", escreveu o presidente indonésio. "O país deve estar presente e lutar contra os cartéis das drogas de cabeça erguida", disse Widodo. No cargo desde outubro, o presidente indonésio prevê mais 14 execuções neste ano, após o país não ter realizado nenhum fuzilamento no ano passado.

O procurador-geral indonésio, Muhammad Prasetyo, também rebateu as críticas dos países que tiveram cidadãos executados - além do brasileiro, foram mortos presos da Holanda, Nigéria, do Malauí e Vietnã e também um indonésio. "Podemos entender a reação do mundo e dos países que têm cidadãos que foram executados. No entanto, cada país deve respeitar as leis que se aplicam em nosso país", afirmou ele, segundo o jornal The Jakarta Globe.

Prasetyo reiterou a defesa da pena capital como medida para combater o tráfico de drogas. Ele afirmou que as penas serão cumpridas. "Acho que se compreenderá que a pena de morte está vigente na Indonésia", afirmou. O governo Widodo optou pela linha-dura e anunciou que não haveria clemência para os condenados. Na sexta-feira, 16, a presidente Dilma tentou reverter a execução de Archer, mas não obteve sucesso.

Esperança

Apesar das relações estremecidas com a Indonésia, o Itamaraty reinicia nesta segunda-feira, 19, novas gestões para evitar o fuzilamento de mais um brasileiro. No entanto, trazer de volta o embaixador de um país "para esclarecimentos", como fez o Brasil, é um gesto forte nas relações diplomáticas, sinal de que as relações entre os dois Estados estão "gravemente abaladas". O pedido de clemência para Gularte já foi negado em telefonema entre Dilma e Widodo.

O Itamaraty está oferecendo assistência psicológica a Gularte e confirmou que levou às autoridades indonésias pedido da família do paranaense para que seja analisada a sua grave situação de saúde.

Segundo o jornal Gazeta do Povo, do Paraná, uma prima de Gularte foi ao país para levar às autoridades um laudo que atesta que ele sofre de esquizofrenia. Com isso, os parentes esperam adiar a execução. Jornais indonésios já anunciam a execução do surfista em até um mês. O Itamaraty, porém, informou que nenhuma data foi oficialmente notificada ao governo brasileiro.

Diplomatas

O tempo regular de serviço do embaixador Silveira Soares em Jacarta está terminando, e o Brasil estava em processo de troca de diplomatas. O episódio do fuzilamento de Archer fez com que o governo brasileiro suspendesse, ao menos por enquanto, a nomeação de um novo embaixador. É outro sinal de agravamento das relações entre os dois países.

Os diplomatas evitam falar, no entanto, em rompimento das relações entre Brasil e Indonésia como consequência natural, caso o segundo brasileiro seja morto naquele país. Alegam que todas as gestões ainda estão em andamento para evitar que isso aconteça. Colaborou Renata Veríssimo, com Agências Internacionais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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