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Ladrilhos ou granito? Cachoeirenses defendem arquitetura original em reforma de ponte

A discussão é em favor da permanência dos ladrilhos da centenária Fábrica Grafanassi. A Prefeitura, em nota, confirmou a retirada dos ladrilhos que serão substituídos por pisos de granito

A Prefeitura confirma a retirada dos ladrilhos que serão substituídos por pisos de granito. Foto: Lenilce Pontini

A ponte Fernando de Abreu, no centro de Cachoeiro de Itapemirim, está em reforma e vem gerando curiosidade nos cachoeirenses que transitam por ela diariamente. É que, acostumados com os ladrilhos hidráulicos assentados no calçadão da ponte, pedestres se mostram preocupados com sua retirada e curiosos sobre o projeto.

A discussão foi parar em rede social e as opiniões, por unanimidade, são em favor da permanência dos ladrilhos fabricados na centenária Fábrica Grafanassi. “Bom seria que a história, a cultura e o artesanato locais fossem preservados na revitalização do piso da ponte. Ou seja, que os centenários ladrilhos, que representam esses elementos citados, fossem preservados”, defendeu o advogado Higner Mansur.

A polêmica deve se estender, porque a Prefeitura, em nota, confirmou a retirada dos ladrilhos que serão substituídos por pisos de granito. “Verificamos a possibilidade de reaproveitamento do piso, mas, não será possível, devido à forma como foi assentado. O novo piso será de granito”, confirmaram.

Os ladrilhos hidráulicos representam a cultura cachoeirense e são feitos de forma artesanal. Foto: Reprodução Facebook/Higner Mansur.

O servidor público Alberto Carlos Lima Gomes, que transita na ponte diariamente e, consequentemente, vem acompanhando de perto a reforma, também defende a permanência dos ladrilhos, justificando que os mesmos representam dois momentos comemorativos da cidade. “Esse piso foi assentado na ponte quando comemoramos o centenário da fábrica de ladrilhos em Cachoeiro, mas aquele espaço foi urbanizado pela primeira vez na comemoração do centenário da ponte. Estão destruindo uma história”, opinou.

Além de confirmar que a urbanização da ponte Fernando de Abreu ganhará granitos no lugar dos antigos ladrilhos, a Prefeitura informou, ainda, que a obra conta com a parceria da Milanez & Milaneze, empresa que organiza a Feira Internacional do Mármore e Granito, e que o arquiteto responsável é Renato Paldês.

Obras passadas

Em sua primeira gestão como prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Roberto Valadão executou uma obra de reforma da ponte Fernando de Abreu, com urbanização e criação de um mercado persa. A obra, em 1987, foi em comemoração ao centenário de construção da ponte.

Mas, foi em 2003 que o então prefeito Theodorico de Assis Ferraço realizou nova reforma, assentando os ladrilhos hidráulicos da Fábrica de Ladrilhos Grafanassi que comemoravam seu centenário em Cachoeiro de Itapemirim, como forma de homenagear as peças decorativas que se tornaram ícone da cultura e artesanato do município, ocupando, ainda, toda a pavimentação da Praça Jerônimo Monteiro.

A atual reforma

A previsão de entrega da obra de urbanização da ponte Fernando de Abreu é de 180 dias, contados a partir da primeira semana do último mês de dezembro.

O valor total da obra é de R$ 216.510, 21, por meio de recurso proveniente do Governo Federal e do município, além de parceria com a empresa Milanez & Milaneze.

No aniversário de 100 anos da ponte, foi construído o mercado persa. Foto: Reprodução

Ponte Fernando de Abreu

A Ponte Municipal foi a primeira ponte construída no município de Cachoeiro de Itapemirim, inaugurada em 10 de junho de 1887, sendo que já havia sido construída uma anterior, de madeira, em 1883, mas levada pela enchente.

A Ponte Municipal era de estrutura de ferro e piso de madeira. E sua construção foi realizada pelo Tenente Coronel Ildefonso da Silveira Viana. Havia cobrança de pedágio para quem por ela passasse, até 1920. Em 1965 foi desmontada e sua estrutura de ferro vendida.

A ponte que a substituiu foi construída ao seu lado, em 1954, batizada de ponte Fernando de Abreu. No lugar da Ponte Municipal, aproveitando seus alicerces, foi construído no governo do então prefeito Roberto Valadão, o "Mercado Persa", hoje desativado, servindo para passagem de pedestres.

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