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Obama defende postura sobre Israel e fala sobre Trump em sua última entrevista

Redação Folha Vitória

Washington - O forte avanço da construção de assentamentos por parte do governo e Israel "se tornou tão substancial" que está inibindo a possibilidade de um "Estado Palestino efetivo e contíguo", afirmou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Em entrevista divulgada ontem pela CBS, a última na Casa Branca, o democrata minimizou a ideia de uma "grande ruptura" na relação entre os EUA e Israel após Washington se abster de um voto contra o governo em Tel Aviv nas Nações Unidas, semana passada.

"Por causa do nosso investimento na região e nossa grande atenção com Israel, acredito que os EUA tem um interesse legítimo em dizer "isto é um problema" a um amigo, disse Obama. "Isto terá consequências de longo prazo para a paz e segurança na região e para os Estados Unidos".

O presidente, que deixa o cargo na sexta-feira, refletiu sobre seu legado e seus maiores desafios nos últimos oito anos. Um grande número de políticas adotadas em sua gestão - desde a relação com Israel até as políticas para a saúde - são ameaçadas pelo seu sucessor, Donald Trump.

No fim do ano, o republicano acusou Obama de criar empecilhos "inflamatórios" na transição de governo e de tratar Israel com "total desdém".

Obama reconheceu que esta tem sido uma transição "pouco usual".

"Estamos nos movendo a uma nova era, em que as pessoas conseguem informações através de tuítes e excertos de entrevistas que chegam até seu telefone", disse Obama. "Existe um poder nisso. Existe também um perigo - o que gera uma manchete ou cria uma controvérsia não é exatamente o necessário para resolver um problema de verdade".

O presidente alertou as pessoas para não "subestimarem" Trump e pediu que os congressistas republicanos e outros entusiastas do próximo presidente para assegurarem que "durante o governo, algumas normas e tradições institucionais não sejam erodidos, uma vez que eles estão lá por alguma razão".

Obama afirmou que estava "perturbado" pelos relatórios de inteligência sobre a interferência cibernética nas eleições norte-americanas. Ele também reconheceu que sua declaração sobre uma "linha vermelha" na Guerra da Síria não estava no discurso original e não precisava ser usado. O comentário gerou fortes críticas ao presidente, uma vez que essa "linha" foi cruzada e não gerou reação por parte de Washington.

"Eu teria, acredito, feito um erro maior caso tivesse dito 'armas químicas'. Isso não muda realmente meu cálculo", disse. "E independente de como isso se desenrolou, acredito que, nesse meio tempo, Assad (Bashar Assad, presidente da Síria) se livrou de suas armas químicas". Fonte: Associated Press.

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