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Chavismo prende e solta presidente do Parlamento opositor de Maduro

O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o opositor Juan Guaidó, foi preso neste domingo, 13, por agentes do Serviço de Inteligência Bolivariana (Sebin), em uma estrada que liga Caracas a La Guaíra, no norte do país, onde ele era esperado para uma reunião. O deputado foi solto cerca de uma hora depois.

Segundo a mulher de Guaidó, Fabiana Rosales, eles foram interceptados por duas caminhonetes do Serviço de Inteligência (Sebin) "com armas longas e homens encapuzados", e o obrigaram a descer do veículo em que viajava. "Não bateram nele, mas nos disseram que tinham de levá-lo detido imediatamente. A ditadura não poderá dobrar seu espírito de luta", disse antes da libertação.

Um vídeo que mostra a ação foi divulgado no Twitter pelo partido Vontade Popular, fundado por Guaidó e Leopoldo López, que faz oposição ao presidente Nicolás Maduro.

A Sebin não deu justificativa para a detenção. Maduro também não se manifestou. Mas o governo venezuelano buscou se dissociar da detenção, ao afirmar que se tratou de uma decisão "unilateral" de funcionários da Sebin. "Soubemos que ocorreu uma situação irregular, em que um grupo de funcionários, agindo de forma unilateral, realizou um procedimento irregular contra o deputado Juan Guaidó", disse o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, em declaração na TV oficial.

Na sexta-feira, Guaidó declarou que poderia assumir a presidência de forma interina, por considerar que a posse de Maduro, no Tribunal Supremo de Justiça, constitui uma "usurpação".

De acordo com Guaidó, a reeleição de Maduro, cujo novo mandato deve durar até 2025, infringiu três artigos da Constituição de 1999. Por isso, para restituir a ordem constitucional, pediu aos cidadãos e especialmente às Forças Armadas que não reconheçam o novo mandato do presidente.

Países latino-americanos e a Organização dos Estados Americanos (OEA) condenaram a ação. O governo dos Estados Unidos se manifestou por meio do secretário de Estado, Mike Pompeo. "Denunciamos a detenção arbitrária do presidente da Assembleia Nacional Juan Guaidó pelo chefe da Inteligência venezuelana Manuel Cristopher Figuera", afirmou Pompeo, em nota. "Convocamos as forças de segurança a respeitarem a Constituição. Os EUA e o mundo estão assistindo."

O chavismo não reconhece o Parlamento, de maioria opositora, eleito em 2016. Para o governo, é a Assembleia Constituinte, chavista, formada após eleições convocadas por Maduro em 2017, quem tem poderes legislativos.

No fim do dia, Guaidó chegou em Caraballeda, Estado de Vargas, aclamado por centenas de seguidores. "Uma mensagem a Miraflores (o palácio presidencial): o jogo virou, o povo está nas ruas, aqui estão os símbolos da pressão, da resistência, da força", disse no comício. "Se queriam enviar uma mensagem para que nos escondêssemos, aqui está a resposta do povo."

O deputado convocou uma "grande mobilização em todos os cantos da Venezuela" no dia 23. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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