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Escola transforma aluno em protagonista do próprio saber

Escola de Ilha aposta em projetos para ensinar valores, autonomia e formação conectada, humana e feliz

Ariani Caetano

Redação Folha Vitória

Atuando no Ensino Infantil e Fundamental, a Escola da Ilha adota há 38 anos uma metodologia de trabalho que coloca os alunos em situação de protagonismo do próprio saber. 

A partir de uma base pedagógica socioconstrutivista, a escola foca no ensino de valores e autonomia e usa projetos como forma de estimular o senso crítico, o debate, a resolução de conflitos e a empatia.

Foto: Cloves Louzada

A cada ano, as turmas partem de um eixo fundamental e transformam os conhecimentos construídos sobre determinado tema em debates em sala de aula e trabalhos expositivos. O objetivo da escola é estimular a reflexão e a mudança de comportamento.

“No ano passado, por exemplo, uma das turmas trabalhou sobre a exploração do trabalho da mulher, que foi até tema da redação do Enem. Os alunos pesquisaram e descobriram que mulheres que criavam coisas, por exemplo, não eram creditadas, mas tinham suas criações ou publicações em nome de algum homem. Já houve também projetos sobre os influencers. Os alunos debateram se essa atividade é uma profissão, se precisa de formação etc. Fizeram uma análise crítica belíssima”, conta a diretora-pedagógica da Escola da Ilha, Ignez Martins Pimenta.

De acordo com ela, seguindo essa dinâmica, os alunos estudam com mais entusiasmo e criticidade temas que são propostos por eles mesmos. Além disso, a atualidade dos assuntos é um dos eixos fundamentais dos projetos.

Foto: Cloves Louzada
“O cotidiano é conteúdo no sentido amplo da palavra. A escola não pode ser chata, enfadonha, mecânica. Numa prova de Enem, por exemplo, se um aluno não está atento às coisas do mundo, ele não vai se sair bem porque esse tipo de tema não se estuda como conteúdo em uma escola”, ressalta a diretora.

Temas variados já foram trabalhados nos projetos e viraram exposição para as famílias. Alunos já trabalharam sobre preservação da água, os animais que são detetives da natureza, o corpo humano... Tudo a partir de proposição deles mesmos.

 E como os projetos são transversais, é possível trabalhar com eles em todas as disciplinas, deixando o aprendizado ainda mais interessante e autônomo, mas com a mediação constante dos professores.

Foto: Cloves Louzada

Mão na massa

Para além dos projetos, os alunos da Escola da Ilha também colocam a mão na massa e escrevem anualmente livros, com textos e ilustração por conta deles.

Podem ser crônicas, contos, poesias, cartas. Até os alunos que terminam a Educação Infantil têm seus livrinhos publicados no final do ano e participam inclusive de uma noite de autógrafos.

Também há um projeto de produção de curtas na Escola da Ilha. Os alunos do Fundamental 2 podem fazer um curta-metragem em categorias como animação, cinema mudo e documentário. 

Do roteiro à captação, tudo fica por conta dos estudantes. No final, há um festival, com exibição e até mesmo julgamento dos melhores trabalhos por um júri especializado.

“Aqui os alunos vêm para aprender a pensar. O estudo não é mecanizado, não há uma obrigação de estudar porque o professor mandou, por exemplo. ‘Educar é ensinar a pensar’ é o nosso slogan desde sempre, e a gente sabe que os nossos alunos têm condição de pensar o mundo, cada um de acordo com sua idade, claro. Mas quando nossas crianças forem para a sociedade, certamente farão diferença no mundo, vão saber se colocar, ajudar e contribuir”, destaca Ignez.

A proposição de tantas atividades que colocam o aluno como protagonista não é à toa. A escola busca trabalhar a partir do conhecimento que os alunos já têm e do que querem ter. Para Ignez, isso é o que faz eles se sentirem respeitados, valorizados e participantes, além formar cidadãos que respeitam a diversidade.

"A Escola da Ilha é conectada às pessoas, e a contemporaneidade tem exigido que seja assim. É uma necessidade que o aluno seja protagonista, que seja respeitado e que aprenda a respeitar.”

Foto: Cloves Louzada



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