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China: mudança em órgão regulador abre espaço para reforma financeira

Redação Folha Vitória

Xangai - A saída de Xiao Gang da presidência da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CRSC, na sigla em inglês) marca o início de uma revisão dos reguladores financeiros frente ao aprofundamento da desaceleração econômica do país, dizem autoridades chinesas. Xiao, que havia sido acusado de erros durante o colapso das ações da China no ano passado, foi substituído no sábado por Liu Shiyu, um veterano do banco central da China, que deve assumir um papel de liderança na reforma financeira.

Na CRSC, a passagem do bastão foi amigável. Assim que Liu, um ex-vice-presidente do banco central do país que recentemente dirigia um dos maiores bancos estatais da China, subiu ao pódio depois de um alto funcionário do Partido Comunista anunciar a sua nomeação, elogiou Xiao por seu duro trabalho nos últimos três anos, segundo fontes que acompanharam o encontro.

Pequim também está planejando outras mudanças de pessoal, incluindo a nomeação de um oficial provincial tido em alta conta para ajudar o governo central sobre questões econômicas gerais, de acordo com funcionários familiarizados com o processo de tomada de decisão na China.

As mudanças ocorrem em um momento em que Pequim tenta restaurar a confiança na sua capacidade de gerenciar a desaceleração da economia e em que a volatilidade cada vez maior dos mercados de capitais e os crescentes problemas de endividamento da China tornaram reformas do sistema financeiro mais urgentes.

Mas enquanto as autoridades chinesas sinalizam determinação para uma reforma, não está claro se o trabalho que Xiao está deixando para trás será mais fácil para Liu, uma vez que ele chega ao cargo no centro do que parece ser um jogo de adivinhação sobre o qual é o papel que Pequim pretende dar às forças do mercado. "Xiao Gang é um bode expiatório para seus superiores que fizeram da criação e proteção de valor a prioridade [da agência] em vez de equidade e transparência", diz Scott Kennedy, vice-diretor do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, uma consultoria bipartidária em Washington.

Liu, seu sucessor, presidia o Banco Agrícola da China desde o fim de 2014, posição que assumiu depois de 18 anos no banco central. Uma revisão de seus comentários públicos na última década revela uma autoridade financeira interessada em inovação, mas também na proteção dos direitos dos investidores individuais.

O novo presidente da comissão havia levado o Banco Agrícola a expandir sua capacidade de concessão de crédito ao vender empréstimos como títulos - uma ideia que ele também havia apoiado quando estava no banco central, de acordo com autoridades bancárias chinesas próximas a ele. "Ele é muito discreto e pragmático", disse um dos oficiais.

Um dos desafios mais difíceis que Liu enfrentará em seu novo papel é como flexibilizar o controle apertado da China sobre o processo de oferta pública inicial. Pequim disse que quer estabelecer um mecanismo de registro simplificado, mas a mudança foi adiada pela turbulência em ações da China no ano passado.

Contudo, o foco do novo chefe da CRSC neste momento é instituir reformas destinadas a reduzir o risco, conforme autoridades próximas ao órgão. "Neste momento, a estabilidade triunfa sobre a inovação financeira", disse um dos funcionários. Fonte: Dow Jones Newswires.

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