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'Como uma criança de 3 anos sai e ninguém vê?' diz pai de menino que fugiu de creche na Serra

O caso aconteceu na manhã da última quarta-feira no horário da saída da creche. O pai contou que ficou desesperado ao não encontrar o filho

Iures Wagmaker

Redação Folha Vitória
Foto: Google Street View

Após um menino de três anos sair sozinho do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) 'Raio de Sol', no bairro André Carloni, na Serra, o pai da criança, Aparecido Rodrigues, afirmou que vai buscar os direitos com relação ao que aconteceu. O caso aconteceu na manhã da última quarta-feira (20), horário de saída das crianças da creche.

Ele contou que ficou desesperado quando chegou para buscar o filho na escola e não o encontrou. Segundo o pai, os funcionários da escola não sabiam onde o menino estava. "O meu filho sai da creche por volta de 10h50. Sai de casa para buscar o meu filho e, quando cheguei no portão, havia dois professores e perguntei para uma delas: 'Cadê o meu filho, o Davi?'. Ela disse 'tem uma professora andando pelo pátio e ele deve estar por aqui'. Só que se passaram cerca de 15 minutos e se foi gerando uma situação desconfortável. Eu disse que queria falar com a diretora, professora, pedagoga para resolver isso. Como uma criança de 3 anos sai de dentro de uma creche e ninguém vê?", contou durante entrevista ao programa Fala Manhã, da TV Vitória / Record TV.

Aparecido ainda relatou que ficou indignado com a situação ocorrida e não acreditava no que estava acontecendo. "Começamos a procurar na creche e procurar. Eu disse várias verdades para eles. De manhã, eu deixei meu filho com eles e eu queria acreditar que no horário de saída, pegaria ele de volta do mesmo jeito", afirmou.

O pequeno Davi foi encontrado graças a funcionária de uma farmácia que fica em frente à escola. Ela estranhou a presença da criança na rua, foi até o menino e encontrou o telefone do pai dele na mochila. "Na mochila dele tem um plasticozinho e minha esposa colocou o meu nome e meu telefone. Enquanto a gente estava procurando na creche, o meu telefone toca e a pessoa do outro lado da linha pergunta: 'É o aparecido, pai do Davi? Seu filho está na farmácia".

Para o pai da criança, a situação deixou a esposa e o filho em choque. Apesar de tudo estar bem agora, o susto permanece. "Graças a Deus, Ele deu um livramento ao meu filho. Meu filho atravessou pista, poderia ter sido atropelado, sequestrado ou até morto. Minha esposa não está bem. Ela está em choque. Meu filho só fica chorando e não quer voltar para a creche. É um transtorno muito grande", lamentou.

De acordo com a advogada especialista em Direito Civil Priscila Cruz, a escola é a responsável legal pela criança a partir do momento que ela é entregue no local até quando um responsável compareça para buscá-la. "Estamos diante de um caso muito grave. A escola é responsável pela criança no período que fica com a guarda dela. Os pais, quando entregam a criança, esperam receber da mesma forma que entregaram, com a integridade preservada. Independente de uma eventual lesão ter ocorrido dentro da escola, fora ou até esperando o transporte, a escola é responsável", destacou.

Em casos parecidos com o ocorrido, a advogada disse que há a possibilidade de a escola ser responsabilizada em três esferas: cível, administrativa e criminal. "A primeira tem que ser intentada pelos pais, aventando a humilhação, a preocupação que a família passou, e avaliar a viabilidade para responsabilizar a escola. Na questão administrativa, o Estado vai ter que apurar a responsabilidade dos diretores e responsáveis. O criminal é subjetiva. Neste caso, a criança foi encontrada, mas se eventualmente ela fosse submetida a algum tipo de lesão, os responsáveis deveriam responder criminalmente", explicou.

Por meio de nota, a secretaria de educação da Serra informou que já convocou o gestor escolar, responsável pela saída das crianças, para prestar esclarecimentos. A nota diz ainda que a secretaria adota todas as medidas necessárias para garantir a segurança dos alunos.