Reino Unido inclui ambientalistas em projeto antiterror
Ambientalistas e defensores de animais foram incluídos no Prevent - o polêmico programa antiterrorismo do governo do Reino Unido, como revela reportagem do jornal britânico The Guardian.
O jornal, por meio da lei de acesso de informação do Reino Unido, obteve documentação sobre um braço do Prevent, o Canal, que trata de "outros tipos de radicalização".
O guia de 24 páginas da unidade antiterrorismo coloca em uma lista a associação de defesa de animais Peta (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, na sigla em inglês), o Greenpeace e o movimento Extinction Rebellion (que apela à resistência para chamar a atenção sobre questões ambientais) ao lado de grupos neonazistas e de supremacia branca.
Fundado em 2003, e aprimorado após os atentados de 7 de julho de 2015, em Londres, que mataram 52 pessoas, o Prevent começou com o objetivo de identificar possíveis autores de atos terroristas. As denúncias de qualquer atividade suspeita relacionada a movimentos listados pelo governo são colhidas em uma plataforma na internet e monitoradas por agentes de segurança do contraterrorismo. O governo incentiva funcionários públicos que trabalham em escolas, hospitais, universidades e conselhos locais a delatar suspeitos de serem "radicais".
Críticos ao programa sugerem uma caça às bruxas, com alegações de comportamentos que não se encaixam nos chamados "extremistas".
Ao comentar a inclusão de ambientalistas e defensores dos direitos dos animais na lista de extremistas do governo britânico, a diretora da Liberty - organização de defesa de direitos civis - , Rosalind Comyn, afirmou ao Guardian que a estratégia preocupa pela definição do governo de caracterizar "uma atividade política não violenta como uma ameaça".
E completou: "Se você é apaixonado por mudanças climáticas ou direitos dos animais, corre o risco de ser considerado extremista e ter seus dados passados e armazenados pela polícia. Ele (Prevent) tem como alvo desproporcional muçulmanos e negros há mais de uma década, semeando desconfiança e alienação em nossas comunidades". (Agências Internacionais)