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Sem chuva, mas com alagamentos: entenda o drama dos moradores de Paul, Vila Velha

Cerca de 300 famílias são atingidas por alagamentos constantes; segundo os moradores, as galerias de esgoto estão assoreadas e não há como escoar água

Andressa Missio

Redação Folha Vitória
Foto: Michel Bermudes
Galerias assoreadas não permitem escoamento da água em Paul, Vila Velha

Já são dois anos com a clínica de acupuntura fechada. Não por falta de clientes ou de profissionais. Mas sim, porque não há condições sanitárias para prestar atendimento. O acupunturista Sebastião da Silva Valentim precisou procurar outro local para tratar os pacientes "com dignidade", como ele mesmo diz. Deixou de trabalhar em Paul, Vila Velha, por causa dos constantes alagamentos. Ele é proprietário do imóvel, mas está sendo obrigado a mantê-lo de portas fechadas. 

Segundo Valentim, "antes fosse apenas a água que sobe a cada nova chuva. O pior problema é o esgoto de toda a vizinhança que retorna pelos ralos e vasos sanitários da clínica. O mau cheiro é terrível, já chamamos empresas para desentupir, mas não há o que resolva". 

Alagamentos sem chuva

A clínica não é o único imóvel com problemas. De acordo com o líder comunitário do bairro, Gilson Vieira Lopes Junior, são pelo menos 300 famílias ou comerciantes sofrendo com os alagamentos constantes. "É inacreditável, mas as moradias alagam mesmo sem chuvas. E quando começa a garoar, piora. Em cinco minutos, está tudo debaixo d'água", conta Junior. 

Ele explica que a comunidade busca uma solução junto à Prefeitura desde 2003. "É preciso fazer uma limpeza profunda das galerias. O que foi feito até hoje é paliativo. Volta e meia, entope de novo. Hoje, as galerias que têm dois metros de profundidade estão com no máximo 10 cm de espaço. O restante está assoreado, cheio de lama e esgoto", afirma o líder comunitário. "Procuramos Ministério Público Estadual, a bancada estadual na Câmara e no Senado, e não tivemos retorno", completa. 

Protesto

Na última sexta-feira (31), a comunidade fez um protesto nas ruas de Paul. A Estrada Jerônimo Monteiro foi interditada pelos moradores, que usaram pneus, faixas e cartazes. O trânsito precisou ser desviado pelos bairro de São Torquato, Ilha das Flores e Sagrada Família.

A prefeitura enviou um representante, e marcou uma nova reunião. Enquanto isso, os moradores se viram como podem. Em uma das casas, já são dois meses com o quintal alagado. O dono chegou a instalar um sistema de bombeamento para sugar a água, vinda de toda a vizinhança. 

Os moradores já pensam em buscar a justiça para reverter os danos. "Vou entrar com pedido de isenção de IPTU, já que não tenho nenhum benefício quando preciso do poder público. Pelo contrário, só acumulo prejuízos", desabafa o acupunturista Valentim. A filha dele, especialista em medicina chinesa e em acupuntura estética, lamenta a gravidade do problema. "É a renda da nossa família que está em jogo, já que não podemos utilizar nosso próprio espaço para trabalhar", comenta Renata Valentim. 

O líder comunitário Gilson Junior afirma que todos os imóveis são ligados à rede coletora de esgoto. 

Obras

Procurada pela reportagem,  a Prefeitura Municipal de Vila Velha (PMVV) informou que busca recursos com o Governo do Estado para a execução dos serviços solicitados pelos moradores de Paul, e que a Secretaria Municipal de Obras é a responsável por realizar a limpeza e o desassoreamento das redes de drenagem e caixas ralos, por meio de uma empresa contratada. Mas ainda não há um cronograma para início das obras no bairro. 

Ainda de acordo com a PMVV, um plano de macrodrenagem nas 5 regiões de Vila Velha está sendo desenvolvido em parceria com o Governo do Estado, com implantação de 10 novas estações de bombeamento de águas pluviais.

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