Julgamento do caso Milena Gottardi começa dia 8 e pode durar uma semana
Médica foi assassinada em 2017 ao sair do plantão no Hospital das Clínicas, em Vitória; seis pessoas estarão no banco dos réus, entre eles Esperidião e Hilário Frasson, o ex-sogro e o ex-marido da vítima, apontados como mandantes
O julgamento dos acusados de assassinar a médica Milena Gottardi já tem data confirmada: será em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. As informações são do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). O júri irá se reunir no Fórum Criminal José Mathias de Almeida Netto, no Centro de Vitória, sob a presidência do juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcos Pereira Sanches.
A médica foi morta com um tiro na cabeça em setembro de 2017, ao sair do plantão, no estacionamento do Hospital das Clínicas, em Vitória.
No banco dos réus estarão o ex-marido de Milena, Hilário Antônio Fiorot Frasson, o ex-sogro Esperidião Carlos Frasson, além de Valcir da Silva Dias, Hermenegildo Palauro Filho, vulgo “Judinho”, Dionathas Alves Vieira e Bruno Rodrigues Broetto. Hilário e Esperidião Frasson são apontados como mandantes.
O julgamento terá início às 9h da manhã do dia 8 e tem previsão de que dure uma semana. Serão adotadas medidas sanitárias de distanciamento social devido à pandemia de covid-19. Em caso de condenação, os acusados podem pegar até 30 anos de prisão.
Relembre o caso
Milena Gottardi atuava como pediatra oncológica no Hospital das Clínicas. Quando saía do plantão, acompanhada de uma amiga, no dia 14 de setembro de 2017, a médica foi abordada por um homem armado, que chegou a anunciar um assalto.
Milena e a amiga chegaram a entregar os pertences ao suposto assaltante. Quando elas se dirigiam ao carro, o criminoso atirou três vezes em direção à pediatra, atingindo a mesma na cabeça e na perna, e fugindo posteriormente. A médica foi socorrida e internada em um hospital particular, mas morreu no dia seguinte.
Dois dias após o crime, a primeira dupla de suspeitos de envolvimento no caso foram detidos: Dionathas Alves Vieira, acusado de ser o executor do crime, e Bruno Rodrigues Broetto, apontado pela polícia como o responsável por conseguir a moto utilizada por Dionathas no dia do assassinato. A prisão aconteceu enquanto o corpo de Milena era sepultado em Fundão, cidade natal da médica e onde reside grande parte da família.
A prisão da dupla serviu como o início do desvendamento do crime, o que provou que a pediatra não havia sido vítima de latrocínio, mas sim, de um crime encomendado. O que faltava era chegar aos mentores do assassinato.
Em busca das provas necessárias, a Polícia Civil conseguiu na Justiça que as investigações do caso ocorressem sob sigilo. Isso porque o principal suspeito de encomendar a morte de Milena era o ex-marido dela, o policial civil Hilário Antônio Fiorot Frasson, que atuava como assessor técnico do gabinete do Chefe da PC, Guilherme Daré.
A ideia da Secretaria de Estado da Justiça (Sesp) era impedir que ele tivesse acesso às provas obtidas pela Delegacia Especializada em Homicídios Contra a Mulher (DHPM), que conduzia o inquérito.
Hilário foi preso uma semana após o assassinato da médica, no dia 21 de setembro. A prisão aconteceu na Chefatura de Polícia Civil e encaminhado para um anexo da Delegacia de Novo México, em Vila Velha. É nesse local onde ficam os policiais civis que são presos.
No mesmo dia, poucas horas antes, o pai de Hilário também foi preso. Esperidião Carlos Frasson foi apontado como o outro mandante do crime e Valcir da Silva Dias, acusado de ser um dos intermediadores do assassinato. Outro intermediador apontado pela polícia foi Hermenegildo Palauro Filho, o 'Judinho', preso no dia 25 de setembro.
Os seis suspeitos de envolvimento no assassinato da médica foram autuados pela Polícia Civil, que concluiu o inquérito referente ao crime no dia 18 de outubro. De acordo com o titular da DHPM, delegado Janderson Lube, eles podem pegar até 30 anos de prisão, em caso de condenação.
A conclusão da polícia foi de que Hilário e Esperidião encomendaram o assassinato de Milena por não aceitarem o fim do casamento entre ela e o policial civil. Para isso, eles teriam contratado Valcir e Hermenegildo para dar suporte ao crime e encontrar um executor.
Ainda segundo a polícia, Dionathas Alves foi o escolhido para executar o "serviço" - como os envolvidos se referiam ao assassinato da médica. Para isso, ele receberia uma recompensa de R$ 2 mil. Dionathas teria usado uma moto, roubada pelo cunhado Bruno, para seguir de Fundão até Vitória e matar Milena.
O veículo foi apreendido em uma fazenda em Fundão, no mesmo dia em que Dionathas e Bruno foram presos. O executor do assassinato disse à polícia que o crime foi planejado durante cerca de 25 dias.
O inquérito, no entanto, aponta que o planejamento do assassinato começou pelo menos dois meses antes do crime. Segundo as investigações, os seis acusados de envolvimento na morte de Milena Gottardi trocaram 1.230 ligações e formaram uma rede de comunicação antes e após o crime. Depoimentos de quatro suspeitos de envolvimento do crime detalharam como foi o planejamento do assassinato da médica.