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Familiares de pacientes denunciam demora e lotação no Himaba; Sesa promete melhorias

Houve tumulto e confusão por causa da espera por atendimento. Após a situação, a Secretaria de Saúde anunciou ampliação na oferta de consultas

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Leitor / WhatsApp

A revolta de familiares de pacientes tomou conta da recepção do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, na manhã desta quarta-feira (8). Com a demora no atendimento, alguns pais não conseguiram nem marcar a consulta para os filhos. 

Após o cenário caótico de lotação que se instaurou no local, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) anunciou melhorias no quadro médico do hospital com o objetivo de ampliar a oferta de consultas. A expectativa é aumentar o número de consultas de 300 para 900.

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No local, todas as cadeiras estavam ocupadas e muita gente esperou até do lado de fora do hospital. Houve tumulto e confusão por causa da demora no atendimento. Alguns chegaram até de madrugada na expectativa de pegar a senha e conseguir marcar uma consulta.

"Nós chegamos cedo, sem café e sem almoço"

Mara Alves é mãe do Luiz Henrique, de 13 anos. O menino precisa de um acompanhamento mensal com o médico por conta de uma encefalopatia. Ela contou que todo mês é uma luta para conseguir uma vaga.

"Todo mês é a mesma coisa. Você não consegue marcar. Em janeiro eu cheguei 5h30, e recebi a senha número 130 e eu saí 13h sem conseguir marcar. Botaram ele em uma lista de espera para uma agenda extra da neuro. Hoje eu vim para outra consulta, aí aproveitei para ver se conseguia marcar. Cheguei antes de 11h e não consegui a ficha", contou.

Ela explica que o sentimento que predomina com toda essa situação é, principalmente, o de revolta.

"Somos seres humanos. Nós chegamos cedo, sem café e sem almoço. Na última consulta que ele veio eu saí daqui às 22h. Quando você tem dinheiro, você se alimenta, mas isso é desumano. Porque a maioria das crianças aqui tem algum tipo de deficiência", explicou a mãe.
Foto: Leitor / WhatsApp

"É muita falta de respeito"

O sentimento é compartilhado por vários outros pais e responsáveis pelas crianças. A costureira Rose Picinatti é a mãe da Sandra, de 14 anos. A menina faz acompanhamento com a psiquiatra a cada três meses e nesta quarta seria dia de mais uma consulta.

Porém, Rose contou que a médica não atende mais no hospital e, para piorar, ela não foi avisada sobre a mudança.

"Tinham que ter respeito e ligar e avisar. Vamos remarcar para tal dia? Não fizeram isso. É muita falta de respeito", afirmou.

A consulta da Sandra foi remarcada, mas somente para o mês de maio. A menina usa o remédio diariamente e só tem receita para mais um mês. A mãe já está preocupada.

"Remarcaram para maio. Quem vai me dar receita? Quem vai atender minha filha? Ela precisa de receita para comprar o remédio", questiona a mãe em tom de revolta

Durante a tarde desta quarta, o movimento no Himaba tinha reduzido, mas mesmo assim, muitas pessoas ainda aguardavam atendimento na recepção. Muitos pais que tentaram uma vaga com o neuropediatra foram embora porque, segundo os pacientes, não tinha mais vaga.

Foto: Leitor / WhatsApp

Estado prevê mudanças no cenário em cerca de 60 dias

A Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) informou que o hospital disponibiliza 150 vagas por mês com neuropediatra. Porém, a média mensal de atendimento com esta especialidade tem sido de 360 pacientes.

"Por essa falta de oferta, a concentração no dia em que abre o agendamento nós vemos a situação de hoje. Os pais não devem passar por isso, isso não é uma situação que o governo entenda como normal, não é normal. Outro ponto importante, nós tivemos de 2019 a 2021, um aumento de 118% na oferta de consultas, mas isso ainda é insuficiente", afirmou o secretário de Saúde do Estado, Miguel Duarte.

O secretário também contou que estuda estratégias para melhorar o agendamento de consultas na unidade. Ele explicou ainda que o governo tem encontrado dificuldade para a contratação de neuropediatras.

"A neuropediatria é uma especialidade de difícil contratação. Não só pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas também pela iniciativa privada. O que nós estamos fazendo de imediato para resolver a situação é aumentar o número de consultas no Himaba, de 300 para 900 consultas, isso deve ocorrer dentro de um prazo máximo de 60 dias e nós estamos fazendo uma licitação para o Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória buscando a oferta de mais 600 consultas por mês. Passaríamos das atuais 300 consultas para 1500 por mês", apontou o secretário.

* Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record TV

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