Como disputar a presidência dos EUA com mais de 70 anos e em meio ao coronavírus
A Organização Mundial da Saúde declarou na quarta-feira, 11, que a rápida expansão do coronavírus pelo mundo se configura como uma pandemia. São mais de 118 mil casos em 114 países, com pelo menos 4.291 mortes registradas. Nas duas últimas semanas, o número de casos de covid-19 fora da China aumentou 13 vezes e o número de países afetados triplicou.
Com mais de mil casos confirmados, os Estados Unidos vivem um problema adicional: a pandemia acontece em ano de eleições presidenciais, repleto de comícios, debates e eventos de campanha que aglomeram multidões. E os três principais candidatos à presidência - Donald Trump, que busca a reeleição pelo Partido Republicano, e Joe Biden e Bernie Sanders, que pretendem derrotá-lo pelo Partido Democrata - fazem parte do grupo demográfico com maior risco de sofrer complicações do vírus: o de pessoas acima de 70 anos.
Quais são as principais medidas que os candidatos devem tomar para garantir que não serão contaminados pelo coronavírus e o que eles já fizeram nesse sentido?
Os grandes eventos
Evitar comícios e grandes aglomerações, neste caso, é uma medida óbvia. Mesmo se os candidatos fossem isolados da multidão, em um palco, por exemplo, seus funcionários de campanha poderiam ser contaminados - e transmitir o vírus depois. Além disso, os eventos aumentariam a chance de que a doença se espalhasse entre os participantes, piorando o cenário geral do país.
Ainda na segunda-feira, 10, os pré-candidatos democratas Bernie Sanders e Joe Biden anunciaram o cancelamento de eventos de campanha citando preocupações com o coronavírus. "Nossa preocupação é com a segurança e a saúde pública", disse Mike Casca, chefe da campanha de Sanders. "De acordo com a orientação das autoridades locais e por precaução, decidimos cancelar o comício em Cleveland", afirmou pelo Twitter Kate Bedingfield, diretora de comunicação da campanha de Biden.
As duas campanhas disseram que consultarão autoridades ligadas à saúde pública para determinar como proceder nos próximos dias.
Monitorar os membros de campanha
Campanhas presidenciais mobilizam milhares de pessoas em todos os Estados do País. Só na pré-campanha pela indicação democrata, por exemplo, o bilionário Michael Bloomberg contratou mais de 2.100 funcionários e criou 200 escritórios espalhados pelos EUA. Muitos desses funcionários, inclusive, viajam para diversas cidades, onde representam os candidatos em grandes eventos.
Alguns membros dessas equipes têm contato direto e até diário com os candidatos. Com a expansão da pandemia, as campanhas precisarão monitorar de perto esses funcionários - e trabalhar com a hipótese de home office em alguns casos.
Nada de apertos de mãos e bebês no colo
O coronavírus é transmitido de pessoa para pessoa, em contaminação pelo ar ou por contato pessoal, além de contato com objetos ou superfícies contaminadas.
Práticas comuns em campanhas, como distribuir apertos de mão entre os eleitores, segurar bebês no colo e tirar fotos com o público, precisarão ser evitadas.
Por enquanto, esses cuidados foram apenas parcialmente adotados. Trump, por exemplo, foi visto apertando as mãos de apoiadores em eventos de arrecadação de fundos nos últimos dias.
As campanhas, no entanto, começam a se mobilizar nesse sentido. A Casa Branca passou a exigir histórico de viagem de turistas que querem conhecer o local. Os doadores de Trump passaram a usar desinfetante para as mãos antes de posar para fotos com o presidente.