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Mulheres representam mais de 60% dos servidores municipais de Cachoeiro

As mulheres também são maioria no serviço público nos postos de comando, como em cargos de gerência, sendo 34 mulheres entre 57 gerentes

Foto: Márcia Leal/PMCI

O município de Cachoeiro de Itapemirim tem 3.380 servidoras públicas municipais mulheres e, atualmente, elas representam 66% do funcionalismo público municipal – os homens são 1.728 servidores –, segundo dados da Secretaria Municipal de Administração. Os números abrangem servidores efetivos, contratados e comissionados.

Entre elas, está a arquiteta e urbanista Juçara Peixoto Marques teve seu primeiro emprego na Secretaria Municipal de Obras, de 1995 a 1998. Após experiências em outros trabalhos, inclusive fora do Espírito Santo, voltou a trabalhar na Prefeitura de Cachoeiro em 2017, agora na Secretaria Municipal de Modernização e Análise de Custos.

“Hoje, posso dizer que minha profissão está muito mais valorizada na prefeitura. Existem vários profissionais. Mais de 1/3 são mulheres. Temos o respeito dos colegas e não há dificuldades em executar nosso trabalho. Me orgulho de ser arquiteta e urbanista”, declara.

Nos postos de comando, elas também são maioria nos cargos de gerência, sendo 34 mulheres entre 57 gerentes, e nas subsecretarias, são 9 subsecretárias municipais, no total de 17. Também são mulheres que estão à frente de quase metade das secretarias e autarquias: 10, do total de 23.

A maior parte das servidoras atua nas secretarias municipais de Educação e Saúde, cumprindo funções ligadas ao magistério e às unidades básicas e especializadas de saúde. Entretanto, a presença delas em atividades tradicionalmente vinculadas aos homens é crescente.

É o caso de Fernanda Neves Batista, que há 20 anos veio do Rio de Janeiro para trabalhar como agente de Trânsito em Cachoeiro.

“Meu relacionamento com os colegas e com os condutores sempre foi ótimo. Situações embaraçosas sempre temos. A mais comum é quando os motoristas reclamam de a gente chamar a atenção por alguma coisa, com a justificativa de que ‘Eu estou trabalhando’. Nessas horas, respondo: ‘Eu também”, comenta.

Feminismo

Em Cachoeiro, palavras como sororidade e empoderamento foram, intuitivamente, defendidas por mulheres como D. Maria Laurinda (líder quilombola), Luz del Fuego (artista e naturista), D. Zilma Coelho Pinto (educadora), Marly de Oliveira (escritora) e outras. Atualmente, uma nova geração emerge, redesenhando o perfil do feminino cachoeirense – mais assertivo, crítico e engajado.

Há dois anos trabalhando na Secretaria Municipal de Obra elaborando projetos e fiscalizando obras públicas, a engenheira civil Andressa Carvalho da Silva conta que prevalece a presença dos homens nessa área, mas, pouco a pouco, as mulheres têm demostrado interessado e tomado espaço.

“Não tenho tanta dificuldade em trabalhar nas ruas, não. As pessoas geralmente elogiam: ‘Tão nova, e mulher, atuando nessa área… Bacana!’ Porém, também lido com algumas dificuldades, como um homem não aceitar ou criticar um serviço que tenha sido designado por uma ‘menina’, ou usar do ofício para tentar uma aproximação indevida”, relata Andressa.

Elisama Mota, por sua vez, trabalha há quase três anos na equipe de Parques e Jardins da Secretaria Municipal Serviços Urbanos. Ela tem como tarefa fazer as pinturas e desenhos que contribuem para revitalizar espaços públicos do município, sendo a única mulher de seu setor.

“Eu sou a única mulher no meio dos homens, mas, graças a Deus, eles me respeitam, e até me elogiam por ser mulher e trabalhar nessa área. Nas ruas, eu sou muito elogiada. Já ouvi críticas do tipo ‘você não tem que fazer isso, é trabalho de homem’, mas eu nem dei importância”, afirma Elisama.