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Alunas 40+ do ES, como a que foi alvo de deboche em SP, dizem que estudar não tem idade

Após a polêmica envolvendo estudantes de Bauru, o Folha Vitória entrevistou estudantes que contam os desafios de quem decidiu voltar a estudar

Maria Clara Leitão

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

Um vídeo que viralizou na internet mostra três estudantes de uma universidade particular de Bauru, localizada em São Paulo, debochando de uma mulher que também estuda na instituição pelo fato de ela ter "40 anos". 

A estudante, que na verdade está prestes a completar 45 anos este mês, está no primeiro ano de biomedicina.

Veja o vídeo: 

O assunto trouxe à tona o debate sobre o etarismo, nome dado à discriminação a ao preconceito relacionado com a idade de uma pessoa. A repulsa pode resultar, inclusive, em violência verbal, física ou psicológica.

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Entretanto, o Folha Vitória entrevistou estudantes do Espírito Santo que estão quebrando as barreiras do preconceito e enfrentando desafios ao retornarem para sala de aula. Além disso, alguns ressaltam que são bem recepcionados. 

A jornalista, de 54 anos, Luciene Costa, tem 20 anos de formada e está cursando o 9º período de Psicologia. Ela comenta que, ao invés das "estudantes intolerantes" do vídeo, tem encontrado um ótimo acolhimento. 

Foto: Acervo Pessoal/Reprodução/ Facebook
Luciene Costa, de 54 anos, está cursando Psicologia
"Temos todos os níveis de escolaridade na sala, até mesmo pessoas mais velhas do que eu, o que me surpreendeu foi o acolhimento, com uma estrutura muito boa para estudar", destacou a estudante. 

Além disso, Luciene explica que o curso de Psicologia sempre foi um sonho desde a infância. Por isso, quando comentou com a filha que iria voltar à estudar, foi muito bem acolhida desde a família. 

"Como todos sempre foram acolhedores, fico triste em saber que em 2023 ainda há pessoas intolerantes. Acredito que nunca é tarde para ter mais conhecimento", afirma. 

Foto: Reprodução TV Vitória
Cristiane Pontia, de 46 anos, estuda Direito

Cristiane Pontia, de 46 anos, é confeiteira e está tendo no ano de 2023 a oportunidade de retornar à sala de aula no tão sonhado curso de Direito. Em entrevista ao programa Fala ES da TV Vitória/ Record TV, a estudante contou que o ocorrido em São Paulo a deixou muito triste. 

"É uma situação horrível porque vemos meninas muito novas com pensamento muito pequeno. Percebo que são pessoas às quais, mesmo fazendo uma faculdade, não estão acompanhando o desenvolvimento do mundo, elas não têm conhecimento de que as coisas evoluem", descreve. 

Além disso, a profissional ressalta que também é triste perceber que as ideias enraizadas acontecem em indivíduos mais jovens. "Uma pessoa que vai lidar com a vida e tem a discriminação dentro dela", destaca.

"Percebemos um respeito na sala de aula", diz professor 

O professor de Publicidade e Propaganda, Victor Mazzei, destacou que, ao lidar com alunos que são considerados mais "experientes", os profissionais têm a chance de conviver com indivíduos com maior vivência e situações enfrentadas. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Victor Mazzei é professor
"Lidamos com pessoas que não possuem uma ação muito linear, pois estão retomando os estudos na fase mais avançada da vida. Quando os jovens 'zombam' dessa forma, eles não sabem quais as dificuldades e oportunidades que os mais velhos estão enfrentando", destaca o profissional. 

O professor explica que, felizmente, em sua sala de aula, nunca presenciou momentos de discriminação e preconceito com pessoas mais velhas. Pelo contrário, demonstra que vivenciou situações que geram esperança. 

"A fala das jovens não retrata o que acontece, o que vejo e presencio em sala de aula. Pelo contrário, os meus alunos sempre acolhiam os outros e até mesmo acabei me tornando amigo de alunos 'mais velhos que tive". O respeito e a amizade são essenciais para a convivência", disse o professor. 

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