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Cientistas capixabas participam de expedição em Londres sobre métodos para limpeza de rios

O projeto ReNaturalize aplicará o método pela primeira vez na América Latina, mas estudos europeus já indicaram que as árvores reduzem em até 20% a poluição das águas

Madeiras serão utilizadas para recuperar os rios do ES Foto: Divulgação/Prefeitura/Samira Gasparini

Madeiras serão utilizadas para recuperar os rios do Estado. A técnica, que está sendo trazida do Reino Unido pela empesa Aplysia Soluções Ambientais, será introduzida na Bacia do Magaraí (afluente do Santa Maria, manancial que abastece a Grande Vitória).

O projeto ReNaturalize aplicará o método pela primeira vez na América Latina, em região de clima tropical, mas estudos europeus já indicaram que as árvores reduzem em até 20% a poluição das águas.

A metodologia será aplicada, com ajuda da comunidade quilombola local, na região onde a Cesan faz a captação de água no município de Santa Leopoldina. O objetivo é reduzir os sólidos suspensos contribuindo para melhorar a qualidade da água.

Recuperação dos ecossistemas 

Duas pesquisadoras da empresa capixaba Aplysia Soluções Ambientais estão à frente dos estudos do ReNaturalize: a diretora técnica da empresa Tatiana Furley, doutora referência internacional em estudos dos impactos causados por efluentes industriais em ecossistemas aquáticos, e Carolina Pinto, mestre em Hidrologia pela Queen Mary University of London.

De acordo as cientistas, a instalação de madeira em ambientes aquáticos, como medida de restauração, tem sido amplamente utilizada na Inglaterra para ajudar na restauração de ecossistemas dos rios, reduzir o risco de inundações em bacias urbanas e para reter água em zonas de cabeceira. A madeira retém sólidos suspensos, sedimentos e matéria orgânica contribuindo para melhorar a qualidade da água.

Mais diversidade

Além disso, as madeiras diminuem a velocidade do fluxo criando áreas de deposição. Em outras palavras, a presença de troncos de árvores em partes do rio aumenta a diversidade de seres vivos. É uma técnica utilizada por comunidades indígenas ancestrais, que os cientistas estão recriando. Além da Inglaterra, já foi testada na Alemanha, Itália, Espanha e Portugal.

Há décadas, os rios foram modificados para promover a navegação. Nesse processo, a mata ciliar e a madeira vêm sendo removidas de áreas adjacentes e de dentro dos rios. Como consequência, a quantidade e a diversidade de organismos aquáticos foram reduzidas.

“Muitos rios do Espírito Santo, do Brasil e do mundo estão em avançado estado de degradação devido às modificações físicas que ocorreram ao longo dos séculos e a perda de sua cobertura de vegetação. A retenção de água nas cabeceiras dos rios e recarga de águas subterrâneas têm diminuído, substancialmente, nos últimos 20 anos”, disse a doutora Tatiana Furley. 

A Aplysia Soluções Ambientais, por meio de parceria com a Agência Ambiental Inglesa (Environment Agency), está à frente da organização do ‘UK-Brazil Week of Learning’, Semana de Aprendizado Brasil-Reino Unido.  A diretora técnica da Aplysia Tatiana Furley e a pesquisadora Carolina Pinto estão à frente da organização do evento, e vão participar do intercâmbio em Londres entre os dias 21 de abril e 1º de maio.

Serão dias de aprendizado prático, debates e palestras. Entre os temas estão gestão integrada de recursos hídricos, restauro fluvial e gestão natural de enchentes. No dia 29 de abril, as pesquisadoras estarão no Rio Whitewater, em Hampshire, praticando técnicas de restauração, como o trabalho com madeira em bacia hidrográfica. No dia 1º de maio, estarão na Queen Mary University of London, abordando parcerias sustentáveis, alinhando gestão de bacia hidrográfica e risco de inundação.

Saiba mais sobre o evento:

• Datas: Terça-feira (21) a sexta-feira (1).

As pesquisadoras da Aplysia participam a partir do dia 27 de abril.

• Locais: Cinco regiões hidrográficas do Reino Unido (nove bacias) de Penrith até Londres.

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