Geral

Com creche interditada, pais de alunos afirmam que filhos estão sendo discriminados

Eles alegam que querem matricular os filhos em outras unidades de ensino, mas dizem que as crianças não estão sendo aceitas. Caso foi parar no MPES

Foto: TV Vitória

Pais de alunos da creche particular na Praia da Costa, em Vila Velha, onde aconteceu um surto de diarreia, afirmam que os filhos estão sendo discriminados. Com o local interditado, eles querem matricular os filhos em outras unidades de ensino, mas dizem que as crianças não estão sendo aceitas. Os pais informaram sobre a situação ao Ministério Público Estadual (MPES), que informou ter recebido a denúncia nesta quinta-feira (04).

Um dos pais que reclamam do problema é o publicitário Júnior Batista. Segundo ele, as escolas teriam sido orientadas pela Secretaria Municipal de Saúde de Vila Velha a não aceitarem ex-alunos da creche onde ocorreu a contaminação.

"Teve uma nota da secretaria para as escolas, que era na verdade uma orientação, que não podia receber as crianças do Praia Baby. Então está respingando nas nossas crianças. O que elas têm a ver com isso? Sim, temos quatro crianças com sintomas de ter a bactéria, mas não são ainda diagnosticadas com a bactéria. A minha filha não teve nada, a filha de todos aqui não têm nenhum sintoma e a gente não pode fazer nada", reclamou.

"A gente não está aqui defendendo creche. A gente quer que tudo seja apurado com o maior rigor possível, a maior seriedade. Eu só volto com minha filha para a creche tendo a certeza que não tem risco de nada. Mas a gente está tendo problemas com outras creches. Hoje a gente não consegue colocar nossa filha em outro lugar", completou o empresário Leonardo Koh, pai de uma aluna do Praia Baby.

Os pais das crianças também reclamam que não têm recebido orientação por parte das autoridades de saúde e dizem que recebem informações somente por meio da imprensa.

Foto: TV Vitória
Creche Praia Baby está interditada desde a semana passada por causa do surto de diarreia

Na semana passada, a Secretaria de Saúde de Vila Velha chegou a anunciar uma força-tarefa que ficaria responsável por manter informados os pais dos 128 alunos matriculados na creche e que eles receberiam formulários da Vigilância Epidemiológica Estadual. No entanto, os pais alegam que não receberam nenhum formulário e que não houve contato algum. "Estamos aí com quase 15 dias do 'boom' do problema e até agora nada", lamentou Júnior Batista.

Creches não podem recusar alunos, diz advogada

A advogada Ana Rail, especialista em direito do consumidor, esclarece que as creches não podem recusar as crianças e orienta as famílias sobre como proceder caso situações como essa ocorram. "Essa ação é vedada. O que eu aconselho a esses pais é que procurarem um médico para dar um laudo atestando que não existe nenhuma infecção, um atestado médico mesmo, para estar apto a habilitar-se em alguma creche, porque essa discriminação não pode existir", afirmou.

A advogada ressalta ainda que as famílias têm direito às informações, mas acredita que as autoridades de saúde estão agindo com cautela. "Não é uma situação corriqueira, não é uma situação normal. Foi um surto que teve agora. Então eu acredito que a prefeitura está tomando as medidas necessárias, verificando caso a caso antes que soltem alguma nota incompleta. Porque qualquer coisa que soltar que não seja a verdade, vai prejudicar muita gente. Mas acredito sim que os pais têm o direito de ter toda informação e a prefeitura tem esse dever de prestar as informações que os pais julgam necessárias", frisou.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Vila Velha informou que não há nenhuma orientação para outras creches não receberem as crianças. A secretaria disse ainda que será elaborada uma nota técnica, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) e com o Ministério da Saúde, para regular os procedimentos a serem feitos e as orientações a serem dadas aos pais.

Vítimas

A creche Praia Baby foi interditada pela Prefeitura de Vila Velha na semana passada, após ser afetada por um surto de diarreia, que já deixou pelo menos 17 pessoas doentes. Entre elas 11 são alunos, três são professores e outros dois funcionários da escola. Além delas, um menino de 2 anos, filho de uma educadora, também apresentou os sintomas e teria contraído a doença da mãe.

Na noite da última terça-feira (2), a Secretaria de Saúde de Vila Velha recebeu a notificação de cinco novas suspeitas: duas crianças que estudam na creche e três familiares de pessoas ligadas ao estabelecimento. Caso confirmados esses casos, o número de vítimas passaria de 17 para 22.

Pontos moeda