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Covid-19: universidades formam rede para acelerar compra de insumos

Cientistas apostam na centralização de compras pelo governo estadual

Foto: Reuters

Em uma aliança de enfrentamento à covid-19, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp) se articularam para lançar uma plataforma que deve agilizar a obtenção de insumos necessários para a produção de testes de diagnóstico. Cerca de 20 laboratórios das três instituições participarão da iniciativa, que é coordenada pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.

A plataforma foi oficializada na última sexta-feira (2), com a adesão de seis laboratórios que já realizam testagem pelo Instituto Adolfo Lutz, além dele próprio. Na próxima etapa, os demais irão se juntar ao grupo, após obter o credenciamento requisitado que os autoriza a emitir diagnósticos da doença.

Segundo Covas, que também é membro do Centro de Contingenciamento do Coronavírus do Estado, núcleo criado pelo governo estadual de São Paulo, a ação já tem dado resultado. Ele informou que a primeira remessa de kits encomendados da Coreia do Sul já deve chegar na próxima semana e que a compra de reagentes está em andamento.

O fato de as compras de insumos laboratoriais dependerem de importação é apontado como um dos principais obstáculos por cientistas brasileiros que desenvolvem experimentos e kits de diagnóstico de covid-19. O aumento na demanda dos itens também tem atrapalhado o avanço dos estudos.

Centralização de compras

O vice-diretor da Faculdade de Medicina da USP, Roger Chammas, explicou que uma das estratégias da plataforma é garantir os produtos centralizando a aquisição na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Com isso, diz ele, que também coordena a Rede USP para o Diagnóstico da Covid-19 (Rudic), o problema deve ser atenuado.

Para contornar a dificuldade de aquisição de reagentes, a equipe do projeto também tem buscado ampliar o leque de opções disponíveis. Especialistas da Unicamp que estão no projeto têm trabalhado para avaliar os efeitos de diversas marcas de reagentes, com o objetivo de achar alternativas aos insumos que geralmente são utilizados.

Depois de experimentá-los e comprovar que mantêm o mesmo nível de qualidade, os pesquisadores irão elaborar padrões de protocolo, para que colegas possam aproveitá-los e evitar que suas atividades também parem por falta de insumo. O plano é de disponibilizar os protocolos no site da força-tarefa criada pela Unicamp para o combate de covid-19.

Cobertura no interior do estado

Os pesquisadores têm procurado, ainda, aproveitar as vantagens com as quais já contam, como a capilaridade regional da Unesp, que possui 34 unidades, distribuídas em 24 municípios.

Além disso, a vivência da universidade em ações de cooperação com o governo federal é encarada pela equipe de pesquisadores como outro ponto positivo. Um exemplo é o desenvolvimento de testes de HIV e hepatites C e B para o Ministério da Saúde, que, na opinião da professora Rejane Grotto, da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, poderá servir como referência.

A rede de laboratórios da Unesp foi aprimorada com o projeto de pesquisa Rede de Diversidade Genética de Vírus, realizado de 2002 a 2007, e hoje dispõe de laboratórios com nível de biossegurança 3 (Araraquara) e 2 (Botucatu e São José do Rio Preto).

Ao serem melhorados, os laboratórios se tornaram locais onde é possível a realização de testes que manipulam material genético de vírus para a identificação da covid-19, como é o caso do teste de diagnóstico PCR.

Rejane destaca, por fim, que haverá, na equipe, uma parcela de pesquisadores dedicada ao diagnóstico e outra à pesquisa. De maneira integrada, farão análises sobre aspectos epidemiológicos, interação célula-patógeno, desenvolvimento de novas tecnologias, desenvolvimento de ferramentas para prever possíveis desfechos e sequelas que a covid-19 poderá deixar em pacientes.

Incidência no Brasil

De acordo com relatório divulgado nesta quarta-feira (8), pelo Ministério da Saúde, o Brasil contabiliza 15.927 casos confirmados de covid-19. O total posiciona o país na 14ª posição mundial. A colocação sobe para o 12º lugar quando se considera o número de óbitos ocorridos em decorrência da infecção, que é de 800. Atualmente, portanto, a taxa de letalidade é de 5%. O estado de São Paulo segue como a unidade federativa que responde pela maior quantidade de casos, com 6.708 registros, seguida pelo Rio de Janeiro e Ceará, respectivamente com 1.938 e 1.291.

FONTE: Agência Brasil

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