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Contra fake news: Rede Vitória esclarece reportagem feita em cemitério

Depois da exibição da reportagem no último dia 31, a TV Vitória foi acusada em um vídeo divulgado nas redes sociais de estar simulando um enterro

Foto: Reprodução / Instagram

Uma das equipes da TV Vitória/ RecordTV fez uma reportagem especial sobre o trabalho de uma das categorias de profissionais mais impactadas durante a pandemia: os coveiros. Depois da exibição no último dia 31, um vídeo acusando a emissora de simular um enterro foi divulgado nas redes socais.

Como ocorre, diariamente, em todas as redações do Brasil e do mundo, assim que o jornalista recebe uma denúncia, ele tem como compromisso, assumido em sua formação, apurar o fato e verificar a veracidade e autenticidade da informação.

Foi exatamente o que fez a equipe de produção da emissora, depois de receber uma denúncia do sindicato que representa os coveiros do estado do Espírito Santo. A informação era de que os profissionais estariam trabalhando em condições não ideais, sem os equipamentos de proteção individual (EPIs).

Diante da informação verificada, a repórter Marla Bermudes e o repórter cinematográfico William O'brien estiveram nos cemitérios de Santo Antônio e de Maruípe, em Vitória, e da Barra do Jucu, em Vila Velha, para mostrar o dia a dia do trabalho dos coveiros.

A proposta da pauta era mostrar a falta dos chamados EPIs e a importância do trabalho dos profissionais, que estão passando por momentos difíceis na pandemia. Além do risco de contaminação pela covid-19, os coveiros estão trabalhando exaustivamente com o número crescente de mortes no Estado.

Imagens de apoio

Foto: Reprodução TV Vitória

Como os profissionais são de empresas terceirizadas e têm medo de se expor, além das imagens feitas nos cemitérios, a televisão utiliza as chamadas imagens de apoio para ilustrar a reportagem. São imagens reais capturadas por repórteres cinematográficos qualificados e selecionadas take a take pelos  editores de imagens e de texto. Um procedimento comum e corriqueiro nas emissoras de televisão.  A decisão de utilizar essas imagens de apoio para ilustrar o conteúdo foi tomada, justamente, para não expor quem fazia a denúncia. A Rede Vitória esclarece que as covas já estavam abertas, procedimento que tem sido adotado nos cemitérios cada vez com mais frequência durante a pandemia. A reportagem foi ao ar nesta quarta-feira (31) e, em nenhum momento, associa as imagens a um sepultamento real, apenas reproduz parte da rotina de um coveiro.

Vídeo na redes sociais

Depois da exibição da reportagem na TV Vitória, um vídeo começou a circular nas redes sociais. Um homem, que não aparece em frente às câmeras, narra as imagens e acusa a equipe de "manipulação" de dados no Cemitério Municipal da Barra do Jucu. O vídeo começou a circular no dia 31 e mostra uma coveira sendo filmada, enquanto joga terra em uma sepultura. 

Leia também: Mentira: vídeo com informações falsas envolve equipe da TV Vitória

"Eu e o cinegrafista Wilian O'brien estávamos fazendo imagens para explicar o trabalho do coveiro e as atividades que eles exercem. A reportagem teve o objetivo de homenagear o trabalho desses profissionais e não de fingir que a coveira em questão estaria simulando a abertura de uma cova ou fingindo que estava enterrando alguém. A cova estava aberta e não a pedido da nossa equipe. Esse já é um procedimento do cemitério. As imagens mostradas no momento exato que ela está jogando terra, eram imagens de apoio para ilustrar as atividades que ela exerce no dia a dia", explicou a repórter Marla Bermudes.

"Saí da redação com uma missão: mostrar o dia a dia e o trabalho dos coveiros e coveiras. Uma profissão, inclusive, muito desvalorizada. Pessoas que trabalham o dia inteiro sob risco, na linha de frente e que, muitas vezes, arriscam a própria vida por conta da profissão. Jamais sairia da minha casa para filmar e simular um enterro", acrescentou Marla.

A repórter disse que se sentiu desrespeitada como profissional e ser humano por conta das fake news que circulam pelas redes sociais.

"Sou jornalista, mãe, mulher, e me senti muito desrespeitada por esses vídeos, além de ter sido agredida, ameaçada e xingada, assim como meu colega de profissão, o repórter cinematográfico Wilian O'brien. Então, por favor, quando encontrar uma equipe de reportagem na rua e quiser nos filmar, venha até nós, pergunte o que é e por que estamos fazendo aquilo! Não crie e espalhe mentiras", desabafou. 

A acusação feita contra a Rede Vitória ganhou repercussão nacional.  A agência Lupa, a primeira do Brasil especializada na comprovação de fatos e dados nos meios de comunicação, destacou a acusação sofrida pela Rede Vitória: #Verificamos: É falso que vídeo em cemitério ‘prova’ que a mídia inventa enterros de mortos por Covid-19

 O site Aos Fatos, também especializado na checagem e verificação de informações, constatou que a reportagem da TV Vitória não mostra um enterro falso. Veja:  Vídeo não mostra enterro falso de Covid-19, mas gravação de reportagem sobre coveiros

O portal UOL também destacou o caso: Repórter sofre ameaças após vídeo inventar falsos enterros pela covid

O assunto também foi destaque no Portal R7, que destacou a repercussão do caso após a publicação da deputada e também esclareceu os fatos: Repórter sofre ataques após deputada divulgar fake news

Diante da acusação, a Rede Vitória tomará todas as medidas cabíveis, seja fortalecendo a transparência, seja via judicial contra a produção e o compartilhamento deste ataque virtual criminoso.

Comunicado oficial

Foto: Rede Vitória



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