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Resultado positivo em bode e mamão faz Tanzânia rever testes de coronavírus

O presidente Magufuli disse que os kits de teste importados tinham falhado depois de retornarem com resultados positivos em exames realizados em amostras não humanas

Estadão Conteúdo

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução / Instagram

Resultados positivos de coronavírus para um mamão papaia e outro para um bode abriram uma crise no governo da Tanzânia. Na segunda-feira (4), o presidente John Magufuli suspendeu o chefe do laboratório nacional de saúde, encarregado dos testes de coronavírus, e ordenou uma investigação sobre a precisão dos exames.

Magufuli disse no último domingo (3) que os kits de teste importados tinham falhado depois de retornarem com resultados positivos em exames realizados em um bode e em um mamão papaia - entre várias amostras não humanas submetidas aos exames, feitos por técnicos que deliberadamente apagaram suas origens.

O presidente não disse de onde os kits foram importados ou por que as autoridades suspeitaram dos resultados. A oposição acusa as autoridades de omitir dados e de não levar a epidemia a sério.

"Pode ter havido erros técnicos ou os reagentes importados também estão com problemas. Também é provável que os técnicos estejam sendo pagos para enganar", afirmou o presidente em um discurso transmitido pela emissora pública TBC.

Catherine Sungura, chefe interina de comunicação do Ministério da Saúde, disse em comunicado ontem que o diretor do laboratório e o gerente de garantia de qualidade foram imediatamente suspensos "para abrir caminho para a investigação". Sungura explicou que um comitê de dez pessoas foi formado para investigar as operações do laboratório, incluindo seu processo de coleta e teste de amostras.

O presidente pediu ao novo ministro de Assuntos Constitucionais e Jurídicos, Mwigulu Nchemba, que chefie a investigação.

Nchemba foi nomeado no lugar de Augustine Mahiga, de 74 anos, morto recentemente. Mahiga foi o terceiro deputado morto em 11 dias sem que nenhuma explicação sobre as causas da morte tenha sido divulgada.

No domingo, Magufuli também demitiu o chefe do Departamento Comercial Médico do governo, encarregado de distribuir suprimentos e equipamentos médicos para hospitais do governo, mas não deu motivos.

Até ontem, a Tanzânia havia registrado 480 casos de covid-19 e 18 mortes, segundo contagem da agência Reuters com base em dados do governo e da Organização Mundial da Saúde.

Diferentemente da maioria dos outros países africanos, a Tanzânia às vezes fica dias sem divulgar atualizações. O último boletim sobre os casos foi publicado no dia 29.

Além disso, enquanto a maioria dos países do continente decretou medidas de confinamento e toque de recolher, a Tanzânia apenas fechou escolas. O comércio e o transporte público continuam funcionando normalmente.

As infecções e mortes por covid-19 relatadas em toda a África têm sido relativamente baixas em comparação com os Estados Unidos, partes da Ásia e Europa. Mas a África também tem níveis extremamente baixos de testes, com taxas de a 500 por milhão de pessoas.

No vizinho Quênia, uma comissão do Senado pediu explicação ao Ministério da Saúde sobre as circunstâncias que levaram à destituição do diretor da equipe responsável pelo centro de pesquisa sobre o coronavírus do país. "A comissão observou que o momento da demissão está errado, pois é provável que haja um impacto significativo na motivação de vários funcionários que estavam trabalhando com ele", informou a comissão do Senado. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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