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Como o mercado da construção e arquitetura tem driblado a crise?

Diante desse cenário que se instalou é preciso reinventar-se para sobreviver e saber aproveitar as oportunidades que têm surgido

Roberta Salgueiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução / Instagram
A arquiteta Aline Leivas e a cliente Lara Taquette iniciando o projeto de interiores da nova residência

Assim como em todos os setores, a pandemia no novo coronavírus também pegou a área de construção, arquitetura e decoração de surpresa. Mas, se por um lado muitos segmentos tiveram uma paralisação quase que completa, a necessidade de ficar em casa trouxe um ponto positivo para o universo da decoração: as pessoas passaram a voltar seus olhares para dentro de casa.

Um pintura na parede, um móvel novo, um revestimento mais aconchegante, um reparo aqui, outro lá... Ambientes e detalhes da casa que não eram bem resolvidos e que por um período foram deixados de lado, passaram a mostrar a relevância e importância para compor uma casa mais harmônica e aconchegante.

Há pouco mais um ano a empresária Lara Taquette se mudou para uma nova residência, com alguns detalhes na decoração ainda incompletos. E foi agora, em plena pandemia, que ela e o marido viram a necessidade de concluir o que havia ficado pendente. "Como temos ficado mais em casa, começamos realmente a olhar os ambientes e ver o que está faltando. O momento pede mais conforto em casa. Antes a gente podia sair, gastava com restaurantes, passeios, viagens, festas, e agora não temos esse custo. Então isso ajuda também a investir na casa para manter o conforto", disse Lara, destacando que rever esses detalhes na residência ainda ajuda a manter a mente ocupada.

É evidente que o número de procura não é o suficiente para recuperar o mercado que ainda está bem retraído. Mas diante desse cenário que se instalou é preciso reinventar-se para sobreviver e saber aproveitar as oportunidades que têm surgido.

O empresário Carlos Marianelli que atua há 27 anos no segmento de revestimentos, com loja em Vitória, Serra e Miami, nos Estados Unidos, conta que a expectativa para 2020 era muito grande. Ele chegou a fazer expressivos investimentos, já que os três primeiros meses sinalizavam que o ano seria promissor, mas todos foram surpreendidos com a pandemia. De uma hora para outra, as estratégias tiveram que ser mudadas e o empresário passou a trabalhar nesse momento apenas com o essencial.

Foto: Divulgação
O empresário Carlos Marianeli no show room de sua loja 
"Quem não está capitalizado, quem não tem bom relacionamento com seus fornecedores, certamente terá muitos problemas. Estamos abrindo as loja nos dias permitidos, adotando todas medidas preventivas como máscara, álcool em gel e distanciamento. Também investimos no atendimento delivery nos dias em que não podemos abrir as portas e temos feito promoção de alguns produtos em estoque para pronta entrega que chegam a 70% de desconto", contou o sócio-proprietário da Composé.
Foto: Divulgação
Nony Cardoso ao lado de peças que foram selecionadas para o outlet da loja

Já Nony Cardoso, gerente da Líder Interiores de Vitória, conta que a fábrica de móveis que está presente em 18 cidades brasileiras, reuniu peças de todas as lojas e investiu pesado no outlet virtual com até 60% de desconto.

"Estamos trabalhando nos dias ímpares e nos demais dias fazemos o agendamento para atendimento individual. Além disso, fotografamos bastantes peças para o outlet virtual e disponibilizamos no site com até 60% de desconto. E também estamos com a troca de showroom. Toda loja está com desconto de até 50%", disse Nony, que ainda destacou as condições de pagamento em até 10 vezes no cartão. Com essas estratégias ela conta que aos poucos o movimento vem melhorando.


Foto: Bruno Coelho
As sócias e arquitetas Rebbeca Amazonas e Juliana Mattos que hoje trabalham em home office

Quando tudo começou, as arquitetas e sócias Rebecca Amazonas e Juliana Mattos ficaram bem assustadas. E não é que essa preocupação ajudou? Com isso, elas adotaram o home office e aceleraram os projetos online - referindo às vendas realizadas pelo instagram. O que aumentou ainda mais a credibilidade e abriu portas para novos clientes.

Juliana ainda conta que algumas obras residenciais foram adiadas, já que alguns edifícios não permitem a entrada. Já os projetos de espaços comerciais continuaram e aí a tecnologia, mais uma vez, ajudou e muito.

"Muitas reuniões passaram a ser virtuais, não só entre a gente e o cliente, mas também com o pedreiro na obra filmando tudo pelo celular, verificando os pontos e medindo um por um. Já na fase do acabamento, que iniciou recente, temos ido à obra totalmente preparadas com as recomendações dos órgãos de saúde", disse Juliana.

A arquiteta já demonstrou que não acredita que se trata de um plano de emergência e encara tudo isso como uma realidade. "Pós-pandemia muitas coisas irão mudar, inclusive nos processos internos da nossa empresa. Em resumo, estamos nos adaptando", contou. 

Cortar gastos extras, oferecer descontos, facilitar nas condições de pagamento, se adaptar à tecnologia e construir um bom relacionamento com a clientela fazem toda diferença para sobreviver em meio à crise.

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