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"Peço justiça não por mim, mas pela morte de Amanda", desabafa namorado de vítima de acidente em Vila Velha

Matheus José da Silva sobreviveu ao acidente na rodovia Darly Santos, em Vila Velha; motorista que atingiu a moto, onde casal estava continua preso

Iures Wagmaker , Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução

A vida do jovem Matheus José da Silva, 23 anos, mudou inesperadamente e de forma trágica no último dia 17 de abril. Naquela noite de sábado, ele e a namorada, Amanda Marques, de 20 anos, voltavam de moto para casa, quando foram atingidos pelo veículo dirigido por Wagner Nunes de Paulo. O acidente aconteceu na rodovia Darly Santos, em Vila Velha. 

Segundo a Polícia Civil, o motorista estava embriagado, não prestou socorro às vítimas e tentou fugir do local. Amanda morreu na hora e Matheus foi levado em estado grave para um hospital de Vitória. Ele soube da morte da namorada, uma semana depois do ocorrido. Ele não se lembra o acidente. 

"Eu só me lembro que estava indo pra casa de moto e depois acordei no hospital alguns dias depois", contou.

Hoje, após 10 dias de internação, ele se recupera na casa da avó. Com limitação de movimentos e numa cadeira de rodas, usando um colete imobilizador e ainda sem previsão se deverá passar por uma cirurgia na coluna, ele ainda sente muitas dores. 

Em entrevista ao Jornal Online Folha Vitória, muito emocionado e ainda tentando lidar com a perda da namorada, Mateus disse que as dores físicas não se comparam a dor de não ter mais Amanda por perto. "As lembranças que ficaram foram só lembranças boas. A gente não brigava. Éramos um casal que fazia inveja em muita gente", relembra, destacando a sintonia dos dois.

Foi tal sintonia que os levou a morarem juntos depois de seis meses namorando. O rapaz acha que será difícil voltar ao apartamento onde decidiram viver. "Todos os dias vou lembrar dela, quando sair da casa da minha avó e voltar para o apartamento e olhar para as coisas dela, e pensar em tudo que a gente conseguiu junto".

Foto: Reprodução / Instagram

O rapaz quer, acima de tudo, justiça e que o responsável seja responsabilizado. "Ele não pensou em nada e assumiu completamente o risco quando fez isso. Eu peço justiça não porque ele me machucou, de ter me colocado numa cadeira de rodas. Peço justiça pelo que ele fez com Amanda".

Indiciado pela Polícia Civil por tentativa de homicídio por dolo eventual e homicídio por dolo eventual, o motorista Wagner Nunes de Paulo segue preso no Centro Provisório de Viana e poderá ir a júri popular. O advogado do motorista disse que só vai se manifestar nos autos do processo.

Confira abaixo trechos da entrevista de Matheus Silva:

Traumas que ficam

"Sobre a minha recuperação existem duas partes: a física e a mental. O lado físico, eu sei que vou recuperar algum dia. Uma hora vai melhorar. Sinto muita dor e fico preocupado com o estado da minha coluna, se precisarei fazer uma cirurgia. Mas, eu acredito que o mais difícil da minha recuperação é lidar com a falta dela, com a morte da Amanda. Com certeza é a pior parte."

O acidente

"Eu não me lembro de nada do dia do acidente. Eu só me lembro que eu estava indo pra casa de moto e depois acordei no hospital alguns dias depois. Sobre a colisão em si, eu não me lembro de nada."

Notícia da morte de Amanda

"Eu recebi a notícia da morte da Amanda quando entrou uma mulher no quarto do hospital. Não sei se ela era uma psicóloga. Meu irmão estava lá também. Aí, meu irmão me deu a notícia do falecimento da Amanda. Aquilo foi um baque pra mim. Essa hora, pra mim, foi a pior parte. Não fiquei bem, chorei, tive que tomar um remédio."

Planos destruídos

"Eu acho que o nosso namoro fazia inveja em muita gente. A gente era novo porém já morava junto. Tínhamos plano de casar e de ter filhos. Veio essa tragédia e acabou com os planos. Ela tinha sonhos também de começar uma faculdade. Isso tudo foi tirado dela devido a uma pessoa alcoolizada ou drogada. Não sei qual era a situação daquele motorista."

O que fica

"As lembranças que ficaram foram só coisas boas. Não tínhamos lembranças ruins. A gente não brigava não. Éramos um casal que fazia inveja em muita gente no sentido da nossa sintonia."

Próximos passos

"Daqui pra frente é tentar lida com isso. Tenho pra mim que é quase que impossível. Todos os dias vou ficar lembrando dela. Pegar o telefone, quando eu sair da casa da minha avó e voltar para o apartamento, olhar para as coisas dela e de tudo que a gente conseguiu junto."

Agradecimento pela rede de apoio

"Eu quero agradecer a todo mundo que tá torcendo pela minha recuperação, por todos que oraram por mim. Ainda sinto bastante dor. Mas estou melhorando, graças a Deus. Se Deus quiser, daqui pra frente, será só vitória." 

Justiça por Amanda

"Eu quero que todo mundo coloque na cabeça e em oração que eu quero justiça para o que aconteceu com Amanda. Como diria o pai dela, posso procurar por 30 anos que nunca mais vou achar ela, nunca mais vou poder dar um beijo e um abraço nela. Peço que todos os pais de família se coloquem no meu lugar, no lugar da mãe e do pai dela e pensem: "O que é que esse motorista tinha? O que esse cara botou a perder?". Ele não pensou em nada e assumiu completamente o risco quando fez isso. Eu peço justiça não porque ele me machucou, de ter me colocado numa cadeira de rodas. Peço justiça por ele ter machucado e tirado a vida dela, da Amanda. Peço justiça pelo que ele fez com Amanda. 

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