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Sindicato cobra aulas presenciais no ES: "Mais uma vez, a educação foi tratada com descaso"

Havia expectativa de que aulas fossem retomadas em cidades de risco alto, mas o governador Renato Casagrande disse que possibilidade de flexibilização será decidida apenas na sexta-feira

Iures Wagmaker , Marcelo Pereira

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

As escolas continuam fechadas em todos os municípios da Grande Vitória e na maior grande parte do Estado. Ao todo, 56 municípios continuam classificados como risco alto para a transmissão do novo coronavírus. Mesmo com a promessa do governo estadual para novas decisões nesta semana, para o Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe), falta um posicionamento claro para retorno das atividades presenciais.

Em nota, o Sinepe se posicionou afirmando que não compactua com a decisão anunciada do Governo do Estado, na última sexta-feira (30), em manter as instituições de ensino fechadas. 

"Mais uma vez, a educação foi tratada com descaso, sem um posicionamento claro para retorno das atividades presenciais", diz o texto.

"Na última semana, o Sinepe não foi procurado pelas autoridades competentes, mesmo com os inúmeros esforços para tentar articular o retorno das aulas e a inclusão da educação como atividade essencial, com apoio da comunidade de pediatria e infectologia", completa.

O professor e presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe/ES), Moacir Lellis, afirma que a adoção de protocolos sanitários nas escolas, desde o ano passado, é o suficiente para o retorno às atividades presenciais. 

"Pelo acompanhamento e pelos dados que temos, o índice de contaminação nos estabelecimentos é muito baixo, próximo de zero. Usar máscaras, manter o distanciamento e a constante higienização das mãos são as três premissas, além de toda uma adaptação ao ambiente, que tornaram os nossos ambientes seguros. É importante o nosso serviço porque o Brasil está muito tempo com escolas fechadas", argumenta, citando pesquisas.

O Sinepe destacou ainda, em nota, que "estudos já apontam a baixa taxa de transmissão no ambiente escolar com a adoção de medidas de controle, que já são seguidas pelas instituições particulares desde o ano passado. Reforçamos, mais uma vez, as trágicas consequências da falta do ensino presencial no desenvolvimento cognitivo e mental das crianças e adolescentes".

Expectativa frustrada

Antes do pronunciamento do governador Renato Casagrande, na sexta-feira (30), havia uma expectativa de que houvesse o anúncio de mudanças nas regras do funcionamento das escolas no Espírito Santo. No entanto, Casagrande afirmou que ainda não houve entendimento com representantes dos sindicatos das escolas e dos professores e, portanto, as regras permanecem as mesmas nesta semana. No entanto, o governador admitiu a possibilidade de haver mudanças na semana seguinte.

"Estamos discutindo um passo adiante. Não conseguimos fechar um entendimento nesta semana, mas eu espero que, na semana que vem, a gente feche. Temos interesse em dar mais um passo, que a gente possa buscar algum entendimento a mais nos municípios que estão no risco alto. Mas a gente quer fazer isso discutindo com os sindicatos dos proprietários das escolas e com os sindicatos dos trabalhadores, para que a gente possa ter toda segurança. Na sexta-feira que vem, certamente, teremos alguma decisão tomada", destacou.

Queda de casos pode sinalizar mudança na suspensão das aulas

O prazo de sexta-feira (07) também foi colocado pelo secretário de Estado de Saúde, Nésio Fernandes, durante coletiva nesta segunda-feira (03). Ele afirmou que há um diálogo entre Ministério Público, comissões de médicos, cientistas e representantes do sistema público e privado de ensino. 

"Nesse momento, temos queda sustentada de casos, queda robustas de óbitos por semana. Temos RT (taxa de transmissão) abaixo de 1. Em qualquer país do mundo com tais indicadores, o debate foi estabelecido. A Educação precisa ser protegida principalmente no momento da queda da curva de casos. Até sexta-feira, tudo será divulgado", prometeu.  

Veja a nota do Sinepe na íntegra:

O Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe) vem se posicionar perante a sociedade capixaba que não compactua com a decisão anunciada do Governo do Estado, na última sexta-feira, em manter as instituições de ensino fechadas. Mais uma vez, a educação foi tratada com descaso, sem um posicionamento claro para retorno das atividades presenciais.

Na última semana, o Sinepe não foi procurado pelas autoridades competentes, mesmo com os inúmeros esforços para tentar articular o retorno das aulas e a inclusão da educação como atividade essencial, com apoio da comunidade de pediatria e infectologia.

Estudos já apontam a baixa taxa de transmissão no ambiente escolar com a adoção de medidas de controle, que já são seguidas pelas instituições particulares desde o ano passado. Reforçamos, mais uma vez, as trágicas consequências da falta do ensino presencial no desenvolvimento cognitivo e mental das crianças e adolescentes.

O Sinepe sempre compreendeu as dificuldades econômicas e sociais impostas ao governo e a sociedade com a transmissão da Covid-19. Sempre apoiou as decisões baseadas no princípio da coletividade e da vida.

Agora, neste momento de medidas desencontradas e descabidas, o Sinepe apela para que a sociedade se una e clame aos governos a importância das atividades presenciais, principalmente para a Educação Infantil, para que não tenhamos uma geração perdida.

Pediatras e infectologistas defendem retorno das aulas presenciais

As Sociedades Espiritossantense de Pediatria (Soespe) e de Infectologia do Estado do Espírito Santo (Sies) recomendaram ao governo estadual que as aulas presenciais para alunos da educação infantil até o 5º ano do ensino fundamental sejam retomadas o mais rápido possível. O posicionamento das entidades médicas foi registrado em um documento entregue a representantes das secretarias estaduais de Educação (Sedu) e de Saúde (Sesa) na tarde da última quinta-feira (29).

Nele, os profissionais indicam as razões para o retorno das atividades, apontando estudos e pesquisas feitas na Europa e em alguns Estados do Brasil sobre o impacto da pandemia na Educação e os riscos, considerados menores, para esta faixa etária.

Entre as razões defendidas pelos médicos para retorno das aulas presenciais da educação infantil estão:

- Baixa transmissão de coronavírus observada nas crianças e adolescentes, especialmente os menores de 5 anos de idade;

- Reabertura de escolas em outros países não significou impacto na curva de óbitos (desde que as escolas adotassem medidas sanitárias);

- Baixa taxa de transmissão de criança para criança;

- Baixa taxa de transmissão entre crianças e professores;

- Inadequação das crianças menores ao sistema de ensino remoto;

- Maiores prejuízos cognitivos e comportamentais em crianças menores fora das escolas

Governo pode flexibilizar aulas presenciais nas cidades em risco alto

Apesar de não ter chegado a um acordo com representantes da educação para uma maior flexibilização das aulas presenciais nas cidades que estão em risco alto para a covid-19, o governo do Estado admite que esse afrouxamento pode acontecer na próxima semana.

Em entrevista à Pan News Vitória, a secretária de Estado de Turismo e membro do Centro de Comando e Controle da Pandemia, Lenise Loureiro, explicou que nos últimos dias, o Espírito Santo tem registrado uma queda no número de mortes e internações e isso pode contribuir para uma flexibilização das atividades educacionais.

"Se os números continuarem caindo, como vem acontecendo, podemos liberar o retorno das aulas presenciais nas cidades que ainda estão no risco alto para a covid-19. Estamos conversando sobre isso e monitorando os casos confirmados para a doença e internações ", explicou.

Ouça a entrevista completa:

entrevista com lenise loureiro




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