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Cachorro abandonado: motorista alega que animal era de passageira

De acordo com ele, a tutora não teria empurrado o animal para fora do carro, mas sim impedido que entrasse no automóvel, no Centro de Vitória

Guilherme Lage

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Marcelo Sobrinho

Após a repercussão do vídeo que mostrava um cachorro que teria sido abandonado no Centro de Vitória, a CPI dos Maus-Tratos da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) conseguiu entrar em contato com o motorista do veículo que aparece nas filmagens. 

O condutor do carro é um motorista de aplicativo que entrou em contato com o Folha Vitória. Segundo ele, uma passageira entrou no carro acompanhada de três crianças. 

O motorista não será identificado na reportagem, pois não há nenhuma acusação feita contra ele. 

De acordo com ele, a tutora não teria empurrado o animal para fora do automóvel, mas sim impedido que entrasse no veículo. Assim que conseguiu afastar o cão, teria pedido para que o motorista seguisse viagem. 

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"Naquele dia fui atender a solicitação de uma corrida. Havia uma feira, por volta de 11h, por isso pedi que a passageira me aguardasse numa praça. Ao chegar lá, a passageira chegou até mim com mais três crianças. Quando veio para o carro, veio um cachorro junto com ela. Ela entrou no veículo, o cachorro tentou entrar, ela tocou o cão para que não entrasse, fechou a porta e iniciamos a corrida", relatou. 

Segundo o motorista, durante o trajeto, o cachorro seguiu o carro atrás da tutora. E como o trânsito estava intenso na região, o cão teria se apoiado nas portas do veículo algumas vezes por ver os tutores dentro do automóvel. "Em momento algum houve abandono, nem da minha parte e nem da passageira", afirma. 

O profissional afirmou que durante a viagem, a passageira chegou a relatar que já havia pedido para alguma pessoa, que seria um familiar, para que não deixasse o cachorro solto, para que utilizasse sempre uma coleira. 

"Ela chegou a falar que sempre pedia a um familiar para que não deixasse o cachorro solto, para que deixasse com uma coleira. O que eu acredito que pode ter acontecido é que quando ela veio para rua e o cachorro estava solto, por ser dela, acabou vindo atrás deles. Na hora que embarcaram, o cachorro queria ir junto. Como não foi, acabou vindo atrás do carro", conta o motorista. 

O  condutor informou que foi procurado pela deputada estadual Janete de Sá (PSB), que preside a CPI dos Maus-Tratos da Ales, e que contou a ela a mesma versão apresentada ao Folha Vitória. 

Ele contesta a versão de que o cachorro tenha sido empurrado do carro ou maltratado por qualquer um dos passageiros do carro durante a corrida. 

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"A pessoa que fez a filmagem falou que o cachorro foi jogado para fora, ele não foi jogado para fora, só foi impedido de entrar no carro. Ele queria entrar e a passageira não deixou que entrasse. A pessoa na filmagem viu o cachorro correndo atrás do carro e eu deduzo que imaginou que eu ou outra alguém tenha deixado o cachorro para trás". 

Sindicato apoia versão do motorista 

Em conversa com o Folha Vitória, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Aplicativos do Espirito (Sintappes), Gessé Gomes de Souza Júnior, informou que a organização apoia o colaborador e espera um esclarecimento rápido do caso. 

"Estamos apoiando ele, já ligamos para a Comissão de Maus-Tratos e agradecemos a forma educada como tratou nosso colaborador, que foi ouvido muito atenciosamente", relatou. 

Ainda de acordo com Gessé, o sindicato busca informações sobre a passageira junto à plataforma que realizou a corrida entre o motorista e a cliente. 

"O sindicato está sempre ao lado dos nossos trabalhadores. Vamos buscar informações sobre a cliente com a plataforma, para saber com a tutora do pet o que realmente aconteceu"

O que diz a CPI 

A CPI dos Maus-Tratos confirmou que conversou com o motorista de aplicativo e que o profissional relatou a mesma versão: de que teria embarcado uma mulher com três crianças no Centro de Vitória e que o cão não poderia seguir com eles durante a viagem. 

Na nota é informado que a família foi deixada na praia de Camburi. E a CPI pediu à polícia que a empresa de transporte por aplicativo libere informações sobre a passageira para que ela possa ser ouvida. Também está buscando imagens das redondezas para tentar esclarecer o caso.

"Estamos apurando as informações para saber se é um caso de abandono de animal. De acordo com o desenrolar dos fatos, poderemos ouvir as versões do motorista, da testemunha e da passageira que seria tutora do animal", afirma a deputada Janete de Sá. 

Relembre o caso 

O administrador de empresas Marcelo Sobrinho flagrou o momento em que um cachorro teria sido abandonado na tarde do último sábado (18), no Centro de Vitória.

De acordo com ele, o animal estava no banco traseiro de um carro e foi empurrado para fora por um passageiro. O flagrante aconteceu por volta de 12h, na Praça Irmã Josefa Hosana, em frente à Igreja do Carmo. 

"Vimos o momento em que o carro parou na praça, na nossa frente. A pessoa de trás abriu a porta e jogou o cachorro para fora. Ele pulou desesperado para dentro novamente e a pessoa empurrou de volta com os pés", relatou. 

Ainda segundo Marcelo, o cão teria corrido em volta do carro, olhando para dentro do veículo. Ele teria tentado ir para a parte da frente do automóvel e, logo depois, tentado entrar novamente pelas portas laterais.

Após deixar o animal na rua, o motorista do carro arrancou e desceu pela rua lateral à praça. Durante todo momento, o cachorro teria tentado seguir o automóvel pelas ruas do Centro.

"Como foi tudo muito rápido, não conseguimos filmar tudo desde o início, foi minha filha que começou depois. Foi muito triste ver. O animal sumiu pelas ruas depois, não conseguimos fazer nada", contou. 

Assista ao vídeo:

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