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Autor de laudo sobre Abdelmassih diz que não indicou local para tratamento

Redação Folha Vitória

Sorocaba - O cardiologista Lamartine Cunha Ferraz, autor do laudo que embasou a concessão de prisão domiciliar ao ex-médico Roger Abdelmassih, disse à reportagem, nesta sexta-feira, 23, que não indicou um local para o paciente ser tratado. "Fiz um laudo completo, mas não me competia dizer onde ele deveria ser tratado. O que fiz foi uma análise da cardiopatia dele, que é uma doença grave, mas que pode ser tratada com medicação. Apenas falei que ele deve ser tratado em qualquer lugar onde possa receber o medicamento adequado, na dose e no horário certos."

O documento serviu de base para a decisão da juíza da 1ª. Vara de Execuções Criminais de Taubaté, Sueli Zeraik de Oliveira Armani, de autorizar o preso a cumprir a pena em casa. Atualmente com 73 anos, Abdelmassih foi condenado a 181 anos de prisão por estuprar pacientes em sua clínica de reprodução. Nesta quinta-feira, 22, ele recebeu tornozeleira eletrônica, uma das condições impostas pela juíza, no hospital em que está internado, em Taubaté. Na tarde desta sexta, o detento ainda aguardava decisão médica sobre possível transferência para casa ou outro hospital.

Um dos quesitos respondidos pelo cardiologista indagava se o paciente poderia continuar o tratamento na penitenciária de Tremembé, onde cumpria a pena. "Esse perito desconhece as condições de atendimento de saúde dos detentos no estabelecimento prisional em questão", afirmou, no documento. Ele explicou que, de fato, não conhece as condições do sistema prisional. "O que sei é que o paciente não precisa de outro procedimento que não seja a medicação adequada, com medicamentos que estão facilmente disponíveis, mesmo fora do ambiente hospitalar. É claro que o paciente precisa estar assistido, bem vigiado para que realmente cumpra os horários de medicação. Se não, mesmo estando em casa, ele pode não tomar o remédio, e são várias medicações diárias."

O médico disse que preparou o laudo com base em todas as informações de caráter médico e clínico, no sentido de colaborar com a Justiça. "Meu laudo é conclusivo de que o caso dele é grave, mas em que lei se encaixa ou onde ele deve ser tratado, quem resolve isso é a Justiça." Conforme o cardiologista, Abdelmassih tem o que a Sociedade Brasileira de Cardiologia e os organismos internacionais definem como cardiopatia grave. "Reforço apenas que ele não precisa de cirurgia e, sim, de tratamento clínico adequado."

Um laudo de um médico de São Paulo e outro de um médico que também cumpre pena em Taubaté foram juntados ao processo, ambos destacando os "graves problemas de saúde" de Abdelmassih, mas apenas o laudo de Ferraz é citado na decisão da juíza. A magistrada e o promotor que acompanha o caso, Luiz Marcelo Negrini Mattos, não retornaram os contatos feitos pela reportagem.

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