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"Nos faz refletir sobre o nosso futuro", diz jovem sobre ação em bairros violentos do ES

Com o objetivo de mudar o cenário de violência, uma ação social tem apresentado outras oportunidades a jovens moradores de regiões violentas

A abordagem é realizada de forma descontraída e tem mudado a realidade das comunidades

Atualmente, cerca de 40% das vítimas de homicídios no Espírito Santo são jovens com idade entre 15 e 24. O percentual passa de 50% quando são analisados os bairros mais atingidos com a violência no Estado, segundo apontou pesquisa do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). Na pesquisa, foram identificados 26 bairros de nove cidades capixabas que concentram maior índice de vulnerabilidade social.

Com o objetivo de mudar esse cenário, uma ação social tem apresentado outras oportunidades a jovens moradores dessas regiões violentas. Trata-se do "Papo de Responsa", ação realizada por policiais civis do Espírito Santo, que aborda adolescentes e jovens conscientizando-os e prevenindo-os a respeito dos riscos da violência, do uso de drogas e de outros crimes que estão a redor desse público alvo.

A abordagem dos agentes é realizada de forma descontraída e tem mudado a realidade das comunidades. Neste ano, a ação passou a atender escolas do Programa Ocupação Social, do Governo do Estado, e vem ajudando na redução da evasão escolar, aumentando o rendimento dos alunos na escola, mudando o comportamento dos jovens e melhorando as relações com suas famílias.

Uma escola de tempo integral em Santa Rita, Vila Velha - um dos bairros mais violentos do Estado -, tem mais 300 estudantes matriculados. No bairro, moram jovens com idade entre 15 e 24 anos, que representam quase 30% de toda a população. Quase 60 assassinatos foram registrados no bairro entre 2010 e 2016. Na região, a violência é um dos principais problemas e as ações do projeto têm sido importantes.

"Isso faz agente pensar muito, refletir sobre o nosso futuro. Nos ensina a ter respeito com a sociedade para a gente dialogar e não se envolver em confusão", comenta o estudante Caio Monteiro.

Como funciona projeto

O ‘Papo de Responsa’ é um programa de educação não formal que – por meio da palavra e de atividades lúdicas – discute temas diversos como prevenção ao uso de drogas e a crimes na internet, bullying, direitos humanos, cultura da paz e segurança pública, aproximando os policiais da comunidade e, principalmente, dos adolescentes.

"O projeto 'Papo de Responsa', desde 2013 até agora, já alcançou aproximadamente 30 mil jovens em área de extrema vulnerabilidade. Nós, policiais, nos identificamos como um grupo de policiais que decidiu abaixar as nossas armas e erguer a nossa voz", fala a policial civil Danielle Leonel.

O projeto funciona em três etapas. No primeiro ciclo, denominado de “Papo é um Papo”, a equipe introduz o tema e inicia o processo de aproximação com os alunos. Já na segunda etapa, os alunos são os protagonistas e produzem materiais, como músicas, poesias, vídeos e colagens de fotos, mostrando a percepção deles sobre a problemática abordada.

No último processo, o “Papo no Chão”, os alunos e os policiais civis formam uma roda de conversa no chão e trocam ideias relacionadas a frases, questões e músicas direcionadas sempre no tema proposto pela instituição. Por fim, acontece o papo com a família dos alunos onde os policiais ouvem a percepção dos pais e também como os adolescentes reagiram diante das novas informações.

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