Geral

Nuvem de gafanhotos: entenda o fenômeno raro que ameaça lavouras do Sul do Brasil

A nuvem conta com, aproximadamente, 40 milhões de gafanhotos que se deslocam em um trajeto de cerca de 150 quilômetros por dia

Foto: Divulgação

Desde a última terça-feira (23), a nuvem de gafanhotos preocupa produtores agrícolas na região Sul do Brasil. O fenômeno formou-se no Paraguai, atravessou a Argentina e ameaça chegar ao Brasil. A infestação massiva desses insetos pode acabar com a produção de alimentos na região por onde passa.

O trajeto dos insetos tem sido monitorado pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Medidas têm sido planejadas para uma eventual infestação no Brasil. De acordo com as previsões, caso a nuvem se direcione para o Brasil, pode trazer prejuízos para produtores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 

Na quarta-feira (24), a nuvem direcionou-se para a região do Uruguai. A expectativa é que a frente fria esperada para o sul do Brasil evite que os gafanhotos cheguem ao país. 

O fenômeno ´incomum, de acordo com pesquisadores, conta com aproximadamente 40 milhões de gafanhotos que se deslocam em um trajeto de cerce de 150 quilômetros por dia. As autoridades brasileiras já estão se  mobilizando para combater a praga caso se aproxime do Brasil. A movimentação da nuvem é acompanhada em tempo real pelos pesquisadores da argentinos e do brasileiros. 

Curiosidades sobre a "nuvem de gafanhotos"

Migração em bando

Desde que os primeiros vídeos da nuvem de gafanhotos começaram a circular nas redes sociais, muitas pessoas têm se questionado sobre como ocorre a formação do fenômeno. 

De acordo com o biólogo Felipe Mello, a espécie em questão parece ser a Schistocerca cancellata, muito comum na América do Sul e que tem duas fases de vida: uma delas, é a fase de ninfa, que é a forma imatura pela qual alguns insetos passam antes de sofrer a metamorfose e alcançar a fase adulta. É nessa fase que há uma agregação desses animais e quando ocorre uma alteração no clima, favorece a aceleração na taxa de reprodução desses insetos. 

Com o crescimento da população dos animais, eles se juntam formando essas nuvens e saem vorazes atrás de alimentos, iniciando as migrações. Ainda não há estudos conclusivos sobre quais fatores ambientais desencadeiam a formação e o aumento dessas nuvens de gafanhotos, mas de todo modo, as mudanças climáticas por origem humana, tendem a ser um fator chave para o aumento.

Alimentação

Os locais onde há maior disponibilidade de alimento, como as grandes monoculturas e plantações agrícolas, são mais sujeitos ao ataque dessas pragas. Isso porque, nesses locais, além da abundância de alimentos em um mesmo lugar, também não existem barreiras naturais como as árvores de uma floresta, formando um campo aberto e, favorecendo assim, o deslocamento das nuvens de insetos. Além disso, essas lavouras aplicam grande quantidade de agrotóxicos eliminando possíveis predadores naturais desses animais.

Forma de combate

Recomenda-se o monitoramento periódico desses insetos e a eliminação das agregações logo em seu estágio inicial. Além disso, o uso de inseticidas convencionais é uma forma de tentar eliminar esses insetos ou mesmo os bioinseticidas (inseticidas naturais), que são esporos de fungos que têm a função de infectar e matar os gafanhotos.

Prevenção

A expectativa do Mapa é que a chuva e frente fria prevista para o sul do país, disperse um pouco da nuvem. Os insetos não gostam de chuva e, por isso, voltam a se reunir em grupos menores e se deslocam para outras regiões. A melhor estratégia de controle, segundo especialistas, é não deixar que a população cresça.

Equilíbrio ecológico

Os gafanhotos são responsáveis por transformar a matéria em energia. Na cadeia alimentar, a especie é responsável por retirar energia dos vegetais e alimentar  de outros animais.

Monitoramento em tempo real

O deslocamento da nuvem de gafanhotos pode ser acompanhado por meio de mapas atualizados pelas autoridades argentinas, no site da Senasa


Pontos moeda