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Cientistas criam microscópio submarino com resolução inédita

Redação Folha Vitória

São Paulo - Cientistas americanos desenvolveram um novo tipo de microscópio submarino capaz de produzir imagens de alta resolução de organismos marinhos em seu ambiente natural. O estudo que descreve o novo equipamento foi publicado nesta quarta-feira, 13, na revista científica Nature Communications.

Além de fotos, o microscópio produz também vídeos. No estudo, os cientistas apresentaram uma série de vídeos de corais muito pequenos, vivos, com uma resolução inédita.

Segundo os pesquisadores, da Universidade da Califórnia San Diego, em La Jolla, nos Estados Unidos, a microscopia submarina é desafiadora, porque é preciso usar técnicas de imageamento muito rápidas e precisas, a fim de se adaptar às instabilidades típicas do ambiente marinho, como as correntes.

Para produzir imagens não-invasivas, é preciso que o trabalho seja feito a longa distância, para que os organismos fotografados não sejam perturbados. Embora corais e algas já tenham sido fotografados em laboratórios, muitas informações são perdidas fora do ambiente natural. Por exemplo, detalhes sobre as respostas dos organismos à acidez e à temperatura da água, assim como suas interações com os organismos vizinhos.

Até agora, a máxima resolução obtida sob as águas variava entre 20 e 50 micrômetros. Utilizando um microscópio com lente objetiva de longa distância e iluminação especial, o grupo de cientistas liderado por Andrew Mullen desenvolveu um tipo de microscópio óptico que alcança uma escala próxima de um micrômetro - que equivale a um milímetro dividido por mil. Para se ter uma ideia, a espessura de um fio de cabelo varia entre 60 e 120 micrômetros.

Os cientistas demonstram, no estudo, que o microscópio pode ser operado por mergulhadores ou instalado no solo submarino para filmar sistemas biológicos ao longo de várias horas.

No artigo, os autores ilustram a capacidade do microscópio filmando como diferentes corais competem por espaço - por exemplo, emitindo filamentos quando são ameaçados. Eles também quantificaram como as algas cobrem e colonizam os corais, no processo conhecido como "branqueamento", que está ameaçando, em grande escala, os recifes de corais do planeta. Segundo os autores do estudo, o microscópio submarino pode ajudar a desvendar as interações ecológicas que ocorrem no contexto das mudanças ambientais oceânicas.

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