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Inspirado em Pokémon Go, jogo explora fauna brasileira

Chamado de BioExplorer, aplicativo criado por professores da USP quer ensinar biodiversidade para crianças

O sucesso estrondoso do jogo Pokémon Go, que fez milhares de pessoas do mundo todo deixarem o conforto de suas casas para caçar Pokémons pelas ruas há cerca de um ano, inspirou o nascimento de um aplicativo similar brasileiro, o BioExplorer. O jogo, desenvolvido e lançado por professores da Universidade de São Paulo (USP) em junho, quer ensinar biodiversidade para crianças por meio do uso da tecnologia de realidade aumentada.

O projeto foi encabeçado por um grupo de pesquisa da Escola Politécnica da USP, o BioComp, e teve participação de professores do Instituto de Biociências (IB), da Escola de Comunicações e Artes (ECA), do Instituto de Astronomia Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) e apoio do Centro de Práticas Esportivas, do Parque CienTec e da Superintendência de Gestão Ambiental da USP. O conceito foi desenvolvido pelos pesquisadores, mas foram duas empresas de software, a DoopaTV e a 3DVoyage, que criaram o aplicativo no período de um mês.

Em junho, uma versão piloto do app foi lançada para iOS e Android. Por enquanto, existem quatro bichos disponíveis para serem conhecidos — e não capturados — pelas crianças: o lobo guará, a onça pintada, o carcará e a capivara. Segundo Antonio Saraiva, professor da Escola Politécnica e coordenador do BioComp, a ideia é que no futuro, com as atualizações, o número de animais e plantas brasileiras para serem explorados aumente.

Ao abrir o aplicativo, os animais são dispostos num raio de 35 metros da localização inicial do usuário. O jogo informa por meio de uma bússola a direção e a distância de um dos quatro animais, que aparecem como uma silhueta azulada. Quando o jogador clica, o bicho aparece e se movimenta pela tela, como no Pokémon Go. “Também é possível ver um texto e ouvir um áudio de um minuto em que o próprio animal se apresenta”, diz o professor.

Após encontrar os quatro animais disponíveis, uma surpresa aparece na tela, de acordo com Saraiva. O quinto elemento, usado para aproximar as crianças do folclore brasileiro, é um Saci Pererê. No futuro, segundo o coordenador, mais figuras folclóricas serão usadas para ensinar as crianças sobre a relação do mitos com a natureza.

O jogo ainda não está completo por enquanto, então os usuários só podem observar os animais: não há um mecanismo de medalhas, pontos e bonificação, o que deve mudar nas próximas versões. Saraiva diz que com o primeiro mês de uso, o retorno dos primeiros usuários tem sido positivo, principalmente entre as crianças. No entanto, os pesquisadores já perceberam que os textos e áudios precisam ser encurtados. “É muito tempo para a paciência das crianças, precisa ser mais curto”, comenta o coordenador.

Para os próximos meses, os pesquisadores esperam conseguir verba em um edital do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) para levar o jogo a escolas próximas a parques e unidades de conservação ambiental. Mas nesse meio tempo, segundo Saraiva, a expectativa é que o BioExplorer atraia “jovens de todas as idades, assim como aconteceu com o Pokémon Go.”

Por Carolina Ingizza* - O Estado de S.Paulo

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